Está aqui

literatura

O mar

Olho o mar e vejo nele as lágrimas que deito, quando me sento no beiral, quando acabo as palavras e lanço um suspiro ao ar que me rodeia. Olho o mar e vejo nele a minha alma. Vejo no azul sereno os dias que me correm bem e no mar revolto a angústia e a fúria interior. Não tenho os olhos azuis, por isso não se refletem neles as cores das águas do oceano.

A Morte De Um Apicultor – um livro.

Ler a obra-prima de Gustafsson é um privilégio.

Desde logo pelo título. Principiando pelo português, é claro. Conciso, estético, qual poesia distorcida a remeter para a dureza do inequívoco.

Viana do Alentejo planta árvores com poesia

Coincidem a 21 de março, início da Primavera, as comemorações dos Dias Mundiais da Poesia e da Árvore e a Câmara Municipal de Viana do Alentejo não vai deixar passar em claro nenhum dos dois.

Deste modo, e para celebrar a Poesia, a autarquia promove um Sarau de Poesia e Música, no Cineteatro Vianense, pelas 21h, numa iniciativa que conta com a participação de alunos da Escola Básica e Secundária Dr. Isidoro de Sousa,

O unicórnio que falava a rimar

As palavras, quando juntam as letras e se formam no ar, são invisíveis. Pairam no ar até que alguém lhes lance as orelhas e as apanhe. Aí transformam-se numa coisa com sentido e causam as mais estranhas sensações ou emoções. Assim era no planeta dos unicórnios. Nem sempre é assim no nosso. Umas vezes ouvimos e damos significado, outras vezes, não ouvimos ou não queremos ouvir. Ah, tantas vezes é assim. Tantas vezes as palavras têm efeitos nocivos e tantas vezes têm efeitos deslumbrantes. Podem ser palavras de ódio e palavras de amor. Podem ser palavras secas e palavras húmidas.

The Magnetic Fields: 50 Song Memoir

Não foi amor à primeira vista. A expectativa, essa sim, era imensa, as circunstâncias exigiam-no. Afinal, na memória (como não?), havia uma espécie de irmão mais velho que a seu tempo tudo esmagara. Uma sombra sem fim à vista numa Terra que é esférica e, por isso, sem fronteira definida – o que convém destacar, mesmo se óbvio, dados os tempos confusos.

“Inquisição de Évora” com direito a reedição

O livro “Inquisição de Évora – 1533-1668” de António Borges Coelho, terá direito a uma reedição com a chancela da Editorial Caminho, com apresentação a 13 de março.

A vida

A vida é um pedaço de terreno abandonado que não sabe bem a quem pertence e não tem marcos. A vida transforma-se num lamaçal quando chove e em terreno ardente nos dias de mais calor. Não contemplemos tanto os efeitos nefastos dos dias em que nos corre menos bem, mas optemos por torná-la vívida e alegre, naqueles dias em que o terreno nem é um lamaçal nem se encontra em chamas.

O lencinho

Assoava-se com ele. Tinha um lencinho que andava sempre no bolso. O lencinho era todo branco e tinha, num dos cantos, uma letra gravada. A letra A estava gravada em tons de azul, como gostava a dona do lencinho. Não é comum haver uma relação tão íntima entre um lenço e a sua dona, mas esta era. Tão próximos eram a dona e o seu lenço que a primeira dormia com o segundo e só se separava dele quando o punha a lavar. Isso acontece com regular frequência. Aconteceu assim, durante tempos e tempos seguidos, até ao último dia antes do desaparecimento do lencinho.

OPORTUNIDADES

Coisa que não faltava eram oportunidades. Coisa que perdurava no tempo e era falada nos corredores eram oportunidades. Oportunidades de mudar de vida, oportunidades de emprego, oportunidades de carreira, oportunidades de não fazer nada, janela de oportunidades. Tantas, tantas.

ESFEROVITE

Certo dia, uma recém-deslocada empresa do sector de escritório para o Brasil, decidiu pôr o seu recém-chegado empregado de encomendas, Pedro, português a reabastecer o armazém. Não era longa a lista, mas não foi fácil a execução da tarefa. A encomenda devia ser feita com a central de abastecimento do Maranhão e Pedro era um homem destemido nas suas tarefas, cumpridor, rápido e eficaz. Não era nada complicado, pensou. E assim não foi.

Páginas