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literatura

Dezembro

Foi um mês imensamente frio. Nunca tinha estado tanto frio. Eloísa acabara de chegar a Miami, após a sua fuga e a sua viagem. Com o saco cheio de dinheiro, a sua vida tinha mudada tanto no espaço de um ano.

Mudou de nome e de identidade. Era uma mulher nova. Nunca tinha viajado até aos Estados Unidos, mas as coisas todas mudam.

Quando Pablo chegou a casa, deparou-se com a triste realidade que o esperava. A mulher a quem tinha dedicado tudo, figura com grande parte da sua riqueza. Desconfiou de tudo e de todos. Pensou que Rodrigo estaria implicado no maquiavélico plano.

Novembro

Eis que chega o mês em que a nossa história, está semi-novela mexicana, este exercício de incursão neste tipo de textos, que faço pela primeira vez e que, confesso, não é fácil encontrar acontecimentos e temas que mantenham o leitor agarrado ao continuar da história e que tenham interesse para chegar até ao fim.

Aquilo que já causei a Eloísa é confrangedor, muitas vezes dei-lhe os maiores desgostos. Tantas outras fiz com que fosse a mulher mais feliz da vida. Já lhe dei vida e já a fiz perder. Não acreditais? Na próxima semana sabereis.

Autosabotagem

Desconsidero qualquer tipo de saudação para esta redação, pois não cumprimento quem não é correto e já saiu de mim há muito tempo; e também porque é particularmente difícil para mim escrevê-la, e ainda tive de consumir uns sete cigarros antes de me iniciar. Aviso, desde já, para teres cuidado sempre que lês as minhas palavras, porque estás a vestir a minha alma sufocada, mórbida; espero que saibas como utilizar tal vestimenta. Eu dispo-me para todos vós sempre que escrevo. Decomponho-me sempre que vos escrevo. Suplico um enorme respeito, porque já sei que se o pedir não mo vão dar.

Outubro

Eloísa já não era a mesma. Carregava dentro de si e vivia o amor de Pablo! A vida que nela crescia não lhe tinha sido forçada. Era o fruto do amor entre os dois.

Sabia que Pablo era o homem mais carinhoso e que nada além dele a poderia satisfazer mais, a todos os níveis. O que lhe tinha acontecido durante o mês de setembro tinha mudado tudo. Talvez fosse a mudança de estação, talvez o desequilíbrio hormonal da gravidez.

Quarentenar os sentimentos?

«Ninguém morre de amor» têm vindo a dizer-me repetidamente; mas tu morreste. «Ninguém realmente aguarda por ti assim tanto tempo» têm vindo a precaver-me; mas tu esperaste. Não queremos saber, nem utilizamos relógios. Coincidências? Telepatias. Esquece tudo aquilo que aprendeste nas Matemáticas, nas Químicas e nas Físicas. Não precisamos disso; somos de letras. Nascemos e morreremos nas frases. Dissolve as memórias dos metros, litros e graus no teu chá matinal; talvez o tempo seja o único indicativo de medição perfeito e aceitável, porém, algum dia é sempre tarde.

Setembro

As ilhas eram o paraíso! Nada daquilo era metade do que Eloísa tinha imaginado. Era muito melhor! Inimaginável era a palavra que podia descrever o sentimento daquela mulher.

Pablo era o homem mais querido do mundo para Eloísa. Os homens que tinha conhecido e eram muito poucos, nenhum a tinha amado.

O único homem que tinha ando Eloísa era Pablo. Porém, nesses primeiros dias algo aconteceu que transformou a nossa história.

Numa das das festas, nessas primeiras noites loucas em casa de Pablo, apareceu Rodrigo.

O meu superpoder

Tenho um superpoder. Num tempo indeterminado, que penso que sejam segundos, consigo voltar anos atrás e sentir tudo. A minha pele regressa ao passado e com ela, a minha mente. O meu coração. Os meus olhos. O ar que, agora, não consigo respirar.

Olho ao meu redor e estou num labirinto. Não sei o que aconteceu. O que me aconteceu. É tão familiar para mim que já não me assusta. Será?

Oxímoro

Perdi a oportunidade de estar calada. Já havia sufocado há uns dias, e as palavras saíram disparadas como punhais, imperdoavelmente; perdoa-me (ou não). Sinto que não estou bem e nada está mal. Fecho os meus olhos. Inspiro; mas suspiro. Nada vejo. Nada sinto. Já nada me arrepia. Rogo-te por uma excomunhão; sentirei algo?

Agosto

Vejamos as Ilhas Caimão pelos olhos de Eloísa. O voo saiu de Beja. O voo chegou ao seu destino em condições. Foi a melhor viagem que alguma vez fez na sua vida a algum lado do mundo. Eloísa e Pablo estavam felizes. Tão felizes como nunca antes tinham. Ao olhar as águas azuis abaixo e o verde de algumas ilhas, era como se o sonho que já se tinha realizado, continuasse a realizar-se ainda mais forte e mais poderoso.

O avião aterrou na pista privada do multimillionário, de onde se podia ver a casa paradisíaca, junto à areia branca e junto às águas tão azuis como já falámos.

A história da Lua e do Sol

Todos os anos releio a história mais antiga que conheço. Não é um clássico, mas causa O efeito mágico em mim.

Estou a falar da história da Lua e do Sol. Decidi partilhá-la convosco.

Começa com estes dois a apaixonarem-se. Um amor tão único e mágico que faria inveja a qualquer um. Viveram o amor deles enquanto conseguiram, porque o Mundo acabou por “ser criado”.

Na criação deste, foi-lhes dado brilho próprio, para que o Sol iluminasse o dia e a Lua, consequentemente, a noite. Com isto, foram obrigados a viver separados. Imaginem o que ambos sentiram.

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