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Opinião

O ANO QUE NOS ESPERA

Sendo esta a minha primeira crónica de 2018, não poderia deixar de abordar a temática das expectativas para o ano que agora começa.

FIGURA DO ANO TRIBUNA ALENTEJO 2017

Entre enfatizar um de tantos que se destacaram pela negativa, optámos por alguém que demonstrou coragem para defender a Paz, o Humano, o Bem.

O Tribuna Alentejo não professa, mas admira. E é por isso que, enquanto diretor, tenho a honra de, em seu nome, eleger a figura do ano 2017: Jorge Bergoglio, o Papa Francisco.

Têm surgido notícias que cerca de um quarto dos bispos do Colégio dos Cardeais considera que o Papa se aproxima da heresia e o jornal britânico “The Guardian” revela mesmo que pode estar em curso uma revolta contra o Papa.

SE ISTO É UM HOMEM

Um livro de Primo Levi

Primo Levi sobreviveu a Auschwitz e suicidou-se de modo improvável na sua cidade natal, Turim, em 1987. Ou seja, 42 anos depois de Auschwitz.

Acreditemos que assim foi: aborreceu-se de morte e ter-se-á atirado de um terceiro andar pelo interior da escadaria para lhes fazer finalmente a vontade. Falhou todos os obstáculos tendo assim cumprido o desígnio que não fora miraculosamente o de Auschwitz.

NÓMADA

O som do aspirador dissipava-se, com a distância. O som da água que corria num riacho longínquo tornava-se cada vez mais efémero e desaparecia ela também. Pedro voltava a si e ao comboio onde estava. A carruagem era tão antiga que os bancos eram em madeira já percorrida pelas traças. Nem o envernizado dos bancos as impossibilitara de viajarem também naquela carruagem. Pedro abria os olhos lentamente para observar, pela janela, o rio que o acompanhava e ao comboio que se deslizava, empurrado pela força do vapor.

O GOVERNO E AS SUAS MATREIRICES

O Governo avançou no último dia do ano, de forma sorrateira e praticamente à socapa, com um novo aumento do Imposto Sobre Produtos Petrolíferos e Energéticos (ISP). Segundo uma portaria publicada pelo Governo em Diário da República, este aumento entrou em vigor a partir de 1 de janeiro de 2018.

EM 2018 É PROIBIDO FALHAR!

Começámos o ano com a tradicional mensagem de ano novo do Presidente da República. Marcelo não quer ver o Estado “falhar” em 2018, nem tão pouco quer perder uma oportunidade para ficar bem na selfie do próximo ano. Curado que está das hérnias encarceradas que o perseguiam, vamos ter um Presidente reinventado à procura da coesão dos vários Portugais.

CTT - UM CASO DE PRIVATARIA

Foi o argumento mais usado para justificar a privatização de muitas empresas públicas: o Estado gere mal, os privados é que sabem.

Foi com este discurso de que o privado é que é bom que na última década vimos passar para a mão de privados sectores e empresas públicas importantes, que para além de constituírem pilares estratégicos da economia portuguesa e prestarem serviços essenciais eram empresas lucrativas para o Estado.

APATIA E IMORALIDADE

Em termos políticos, o ano de 2017 fica marcado, em Portugal, pela decadência moral e pela rejeição de princípios, mas também, pela desonestidade intelectual e pela ausência de pensamento político transformador.

PRIMER

Primer (2004), de Shane Carruth

Primer tem uma fama que muito orgulha o seu criador/realizador, a de que é um dos filmes mais complexos alguma vez feitos. Um filme tão incrivelmente complexo de seguir que só voltando lá um sem número de vezes se poderia, enfim, aspirar à sua compreensão. Não imaginamos muitos filmes americanos capazes de se vangloriar de tal fama. Mas Primer é um filme especial. Ainda por cima, abençoada soberba, pensado para ser especial, pois Shane Carruth escreveu-o confiando absolutamente no espectador.

FRIOZINHO

Parecia que estava no Pólo Norte e que à sua volta, tudo o que a rodeava era branco e frio. Neve. Muita neve e um vento gélido que atravessava a espinha e, chegado ao tutano, metia-se por ali acima e congelava o cérebro. Assim se sentia ela naquela manhã. Que briol, pensava. Tanto frio que faz nesta terra e tenho de sair do quentinho às poucas da manhã para me por a caminho do trabalho. Se houvesse um nevão jeitoso, talvez conseguisse ficar em casa por não conseguir sair à rua. Mas não havia nada disso.

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