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Literatura

Florbela Espanca - 90 anos da sua morte

Assinalavam-se, entre hoje e amanhã, os 126 anos sobre a data de nascimento e os 90 anos da morte da grande poetisa alentejana, Florbela Espanca.

O seu desaparecimento continua envolto em mistério. Terá ocorrido na noite de dia 7 de Dezembro, às 22 horas, conforme a versão oficial? Terá falecido na madrugada de dia 8? Suicídio ou morte natural? 

O dia 8 está para sempre associado à sua própria existência. Foi nesta data que nasceu, foi num dia de Nossa Senhora da Conceição, padroeira de Vila Viçosa, que casou pela primeira vez e terá sido num dia 8 que partiu...

Miradouro

É urgente desfrutar da paisagem.

É necessário ser o que se vê.

É perigoso olhar para trás

cair onde caímos

pela última vez.

 

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Moura conta a história dos mil heróis de Santo Aleixo na restauração da independência de Portugal

Após o sucesso da primeira edição, a Câmara Municipal de Moura lança agora a 2.ª edição do livro “Uma aldeia, mil heróis…”, no âmbito das comemorações dos 380 anos da restauração da independência de Portugal, que se assinalou ontem, dia 1 de dezembro.

Os mil e um lírios

Por Ricardo Jorge Claudino

Era uma vez um lírio, 
vizinho de muitos outros; 
era roxo, alto e cheiroso: 
era o lírio mais diferente de todos. 

.
Não falava nem escutava 
nem tão pouco sabia ler; 
o que tinha este lírio 
de tão especial que o fizesse valer? 

.
O fotógrafo parou o carro 
seduzido por mil e uma cores 
tentou capturar o momento 
mas a máquina não fitava as flores. 

Ó Sol que raias p´la manhã

 

Ó Sol que raias p’la manhã cedinho,

aceita estas nossas graças, 

por mais um dia com saúde 

e aquece o nosso caminho.

.

Alimenta a terra cultivada, 

mas tem avondo com a tua força,

não nos leves tanta água, 

e apoia a nossa empreitada. 

.

Quando o meio dia bater 

e alcançares o teu esplendor, 

lembra-te que a teu redor 

O Relógio do Sol

Por Ricardo Jorge Claudino

.

No meio urbano 

todas as horas contam, 

porque todos os minutos 

e todos os segundos 

são contados.

.

A vida da criança da cidade 

tem o mesmo fulgor 

que a vida do adolescente, 

do adulto e do velho, 

em seu redor. 

.

A criança da cidade 

tem um relógio 

O Miradouro da Recompensa

Por Ricardo Claudino

 

Ao subir o pequeno monte que a planície erguia,

fitava a linha que separava o céu do chão.

.

As minhas pernas, cansadas,

espelhavam a incerteza

sobre a recompensa

no final da imponente subida.

Quanto maior a inclinação do monte

mais os pés sentiam,

mais o coração sonhava.

.

Que prémio me esperava?

Sentia a confiança

de um ciclista de montanha

e trazia a certeza

de que um terreno no Alentejo

nunca poderia ser tão inclinado

Perder para ganhar

Por Ricardo Jorge Claudino

Perco-me;

às vezes nas palavras,

frequentemente no interesse.

.

Todos os dias

insisto em me perder no tempo.

E perco-me nas ruas

das maiores cidades do mundo;

não com tanta frequência

como todas as vezes que me perco

nas travessas das mais pequenas

aldeias alentejanas; também elas

perdidas no tempo, embora

não por vontade própria.

.

Também me perco

nas lembranças que se

perdem de mim.

Lembro todos os meus avós

A última a morrer

A última a morrer

Por Rita Nascimento
 

Chego-te, através do horizonte,

leve, ténue e casta brisa

profetisa,

envolta em névoa que solta,

te toca sem te tocar.

Em tudo me sentes.

Em nada me vês.

Mas crês que existo

e que de longe venho

contendo arte e engenho

(não olhas para trás).
.

Três passos mais perto

do fim do deserto

e miragem ainda sou...

Reflectindo uma imagem

de sonho e coragem

que contigo acordou.

Não páras.

Sempre adiante,

A sombra e o chaparro

Por Ricardo Jorge Claudino

.

A sombra do vento

cai sobre o chaparro;

fico com a sensação

de que o calor, exausto,

se deu por vencido.

Apenas aqui me sento

porque um alentejano

só se senta para pensar.

.

O vento sopra

e a sombra abraça-me.

.

Penso em negar-lhe o momento;

atroz este meu pensamento

que espera sempre mais

de quem dá menos.

.

Talvez tenha sido uma má escolha;

— mea-culpa,

há mais chaparros nesta terra e

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