1 Julho 2014      01:00

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Schulz reeleito presidente do Parlamento Europeu, promete lutar por mais poder

O socialista alemão Martin Schulz, foi reeleito presidente do Parlamento Europeu, tornando-se o primeiro a ter dois mandatos consecutivos. Ainda assim esta eleição não foi pacífica e está marcada por alguma controvérsia, apesar de eleito à primeira volta com 409 votos, em 621 totais.

Logo após a votação, aos órgãos de comunicação social, agradeceu publicamente a confiança depositada e revelou ser uma honra ocupar de novo o cargo, dizendo que tem uma grande responsabilidade e que a leva muito a sério; indicou o Desemprego, a Emigração e a Energia como os desafios principais para o futuro.

Com uma vitória clara, Schulz, acusado de politizar a presidência no mandato anterior, disse que representará o parlamento com dignidade nos próximos dois anos. Venceu três outros concorrentes: o conservador britânico Sajjad Karim (com 101 votos), o esquerdista Pablo Iglesias, do movimento de cidadãosPODEMOS, de Espanha e Ulrike Lunacek, a representante dos verdes austríacos (ambos com 51 votos).

Mas as eleições não estiveram isentas de polémica, vejamos: os maiores grupos partidários na União Europeia, o centro-direita e o centro-esquerda, tradicionalmente têm dividido o mandato de 5 anos entre eles e agora não foi diferente; o centro-direita não apresentou candidato, votando em Schulz e, em troca, o centro-esquerda retribuirá o favor em 2017. Este acordo de cavalheiros foi fortemente criticado pelas vozes opositoras dos outros grupos partidários, que acusaram que o lugar no Parlamento Europeu teria sido um arranjo da política interna alemã, em compensação por Schulz ter falhado a eleição para Presidente da Comissão Europeia.

Oposição que não tardou em fazer alusões às práticas que consideraram de antidemocráticas e evocou o direito de voto livre em democracia. Sajjad Karim criticou o resultado facilmente previsto defendendo que nada é mais sagrado que o voto. Já Lunacek, referiu que se dirigiu a Schulz e o relembrou que há bem pouco tempo, ele tinha falado de democracia no Parlamento austríaco.

Já Iglesias focou mais o papel dos efeitos das políticas europeias nos cidadãos espanhóis e dos países do sul da Europa, fazendo uso dos seus ideiais anti-austeridade, dizendo, a Honor Mahoni, do EuObserver, que “A Europa de hoje não é a Europa pela qual as pessoas lutaram.”

A eleição de hoje marca a constituição formal do 8º Parlamento Europeu, onde cerca de 50% dos membros se estreiam. Os homens ainda estão em maioria, com 63% e a diferença entre o mais novo e o mais velho é de 65 anos!

Como já foi referido aqui diversas vezes, o Parlamento Europeu abrigará, neste mandato, muitos representantes de partidos eurocépticos. Ainda assim mantêm-se 7 os grupos parlamentares. Esta nova configuração fará com os centristas de esquerda e de direita trabalhem mais próximos de modo a tentar chegar a maiorias, como já expressaram ser essa a intenção, tendo já nos próximos tempos um grande desafio: a eleição de Jean-Claude Juncker para Presidente da Comissão Europeia.

Esta eleição marcará uma nova fase no Parlamento Europeu, que votará agora para Presidente da União Europeia, o candidato da família partidária europeia mais votada, Junker, do PPE.

Schulz já indicou a sua intenção de continuar a reivindicar mais poder e mais direitos para o PE porque mais parlamentarismo nunca é excessivo.

Entretanto, os deputados eurocéticos, que incluem os controversos Nigel Farage e Marine Le Pen, já fizeram sentir a sua presença e irreverência, virando costas, ou ficando sentados, quando tocou o hino da União Europeia, a Ode à Alegria de Beethoven.

Foto de Mettmann