21 Dezembro 2014      00:31

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Sabe quais são as diferenças entre liberais e conservadores no Facebook?

Um artigo de Becca Stanek, no MIC.com, revela um estudo que explica o que liberais e conservadores fazem de diferente no Facebook.

Um curioso estudo do New Pew Research Center, revela como liberais e conservadores interagem com os seus amigos que comentam factos políticos no Facebook. Os conservadores tendem a ter um círculo de amigos que partilham a sua visão política, e os liberais são mais dados a cortar relações on-line com os que discordam das suas visões políticas.

O estudo refere que “aproximadamente 4 em cada 10 liberais no Facebook (44%) confessam ter bloqueado ou terminado a amizade na rede social por discordarem com algo que a pessoa colocou/comentou na rede sobre política.” Em comparação, 36% dos conservadores e 265 dos utilizadores do Facebook revelaram ter feito o mesmo:

 

Este impulso de “desamizade” (inimizade não é revelador do conceito pretendido) pode ser extensível ao mundo real também. O estudo descobriu que cerca de 24% dos liberais deixaram de falar com alguém devido à discordância em alguns pontos de vista políticos, enquanto 16% dos conservadores admitem tê-lo feito, tal como 10% dos utilizadores de outros quadrantes políticos:   

 

Uma caixa de ressonância

Só porque os conservadores não são tão dados a terminar amizades ou a carregar no botão de bloquear quanto os liberais, não significa que sejam mais tolerantes para com os que têm pontos de vista opostos. Os conservadores têm uma razão para não bloquear tantos amigos, a maioria dos seus amigos partilham a sua ideologia.  

De acordo com o estudo, (e devido aos factos do parágrafo anterior) “os conservadores convictos têm o dobro das probabilidades, comparando com o usuário típico do Facebook, de ver, no Facebook, opiniões políticas que estão em linha com as suas próprias opiniões. O utilizador comum vê 23% do seu feed de notícias, enquanto o utilizador politicamente conservador vê 47%.

À parte desta revelação não muito surpreendente de discordâncias políticas entre opositores, o estudo também mostra que tipos de grupos democratas e republicanos (no contexto norte-americano) seguem no Facebook.

Os conservadores convictos seguem mais grupos específicos que partidos políticos ou candidatos no Facebook. Os conservadores, mais que qualquer outro grupo, é mais provável que confiem numa só fonte de notícias, tal como a Fox News.  

Porque é toda esta atividade das redes sociais importa? Porque só as TVs locais batem o Facebook como a principal fonte de notícias políticas dos norte-americanos, como reporta o estudo.

 

O problema vai além do Facebook

Os hábitos no Facebook de conservadores e liberais sugere que os grupos se fazem com base nas notícias que se querem ouvir (ou não) ouvir. Embora possa parecer muito cómodo poder silenciar uma opinião política adversa, pode não ser muito bom para a saúde do debate político.

As redes sociais refletem a imagem maior de um país (referindo-se aos EUA) que está aumentando a sua polarização e está mais tendencioso que nunca. Em The Big Sort, Bill Bishop culpa a divisão cultural americana nos locais onde vivem, que se estão “tornando uma multidão em crescimento de pessoas que vivem, pensam e votam de maneira igual”. A pesquisa levada a efeito, e patente no estudo, aponta que também as redes sociais espelham esta tendência.

Enquanto parece ser agradável “fugir” do seu tio republicano que grita muito ou do seu colega de quarto socialista, num esquema mais geral, esta “fuga” pode vir a provar-se prejudicial. Quando só ouvimos opiniões que confirmam o que já sabemos ou acreditamos, estamos a falhar na discussão público que é fundamental à democracia.

Isto não quer dizer que tem que interagir com tudo o que há no Facebook – teria que deixar o seu trabalho para fazê-lo – mas da próxima vez que vir algo que não lhe agrada ou que que discorda, não deve fazer-se cego ou “desfazer-se” de um amigo on-line.

O meio-termo é uma componente necessária à democracia, e extremamente difícil chegar a ele quando uma das partes se recusa a ouvir.

 

Fonte e gráfico de MIC.com

Imagem de www.rama-prozor.info

Pesquisa e tradução de Luís Carapinha

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