30 Outubro 2014      00:00

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Orçamento do Estado 2015: Que Caminho?

Hoje trago-vos um tema que abre os telejornais, e que vai influenciar directamente todos os portugueses a partir do próximo ano: o Orçamento do Estado 2015.

Confesso que estava bastante curioso em saber como ia ser o Orçamento do Estado, com a ligeira expectativa de que este seria menos agressivo para os contribuintes, aliviando o peso e as dificuldades que todos os portugueses têm passado, e ao mesmo tempo perceber se o Governo iria atingir as suas metas.

Contudo, através da leitura do Orçamento, podemos perceber facilmente duas situações desapontantes: a austeridade continua, e a despesa pública continua a aumentar. A dívida pública continua a crescer, e a situação não vai mudar no próximo ano, essencialmente devido ao diferencial entre os juros e o baixo crescimento económico.

Neste cenário, e tendo em conta as chamadas de atenção que já tinha assinalado na crónica “troika onde nos levas”, não posso ter outra afirmação que não seja esta: a abordagem que o Governo adoptou para superar a crise é uma estratégia falhada. Todos os esforços que foram feitos pelos portugueses não estão a ter os efeitos pretendidos.

Este orçamento aparece como mais um argumento forte, até mesmo como uma prova, de que esta não é a terapia adequada ao problema, é no fundo o marco que deita por terra a tese da austeridade e redução salarial aliada às exportações, como terapia regeneradora para acabar com a crise. Como era previsível, o que se verifica é uma continuidade assente na procura interna, não tendo as exportações o peso suficiente para animar a economia.

Num olhar de perspectiva, é importante sublinhar a necessidade de uma mudança de entendimento do problema que estamos a enfrentar, e incidir sob medidas que tornem o crescimento económico real e com efeitos positivos sobre a situação do país, traduzindo-se na criação de emprego, alívio da carga fiscal e consequentemente no aumento do poder de compra.

Deixo uma frase do novo presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker no dia da Tomada de Posse, que é elucidativa em relação à actual situação: “se a austeridade tivesse sido efectivamente um instrumento para o crescimento económico, então que bem estaria a Europa, e não está”. 

imagem: Bartoon por Luís Afonso in Jornal Público de 28-10-2014.