18 Agosto 2014      00:07

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Obrigado "Mr. Keating"

 

“O poeta é um fingidor. Finge tão completamente. Que chega a fingir que é dor. A dor que deveras sente.” – Fernando Pessoa

 

Se há profissão que se assemelha aos sentimentos descritos por Pessoa, será a de ator (ou atriz), e dentro da classe, uns mais que outros. Esta semana um dos meus preferidos deixou-nos. Robin Williams partiu e deixará saudade pela paixão que se fazia sentir através dos ecrãs. Comédia, Drama, Suspense…fosse o que fosse, Robin estava de corpo e alma e dava o seu exemplo. Não me interessa onde nasceu, como morreu, se era alto, baixo ou tinha doenças. Interessa-me o como viveu, o exemplo que me deu como ator e excelente profissional. Gosto de pessoas que dão o seu melhor no mínimo que fazem; os resultados de quem o faz, também se fazem notar. Ninguém dará um “Bom dia” ao Vietname ou a qualquer parte do mundo como ele fez. Com Robin, chorei de rir e chorei de chorar. Participou em dezenas de filmes e deu voz a “Robots”, “Happy Feet” e ao génio de “Alladin”; um filme com Robin era sinónimo de qualidade. Vi muitos deles e muitos marcaram o meu crescimento (acredito que os filmes também moldam carácter - só os obtusos não aprendem com as experiências, mesmo que sejam de terceiros; mesmo que sejam ficcionadas num filme!): “Jumanji”, “O bom rebelde” (“Good Will Hunting”), “Papá para sempre” ("Mrs. Doubtfire"), “Bom dia Vietnam” ("Good Morning, Vietnam"), “Para além do Horizonte” ("What Dreams May Come"), “Patch Adams”, “O mordomo” ("The Butler"), “Flubber”, "August Rush" – o som do coração” ("August Rush"), “Insónia” ("Insomnia"), “Hook”, “Toys - Fabricante de Sonhos “ (“Toys”), “Despertares” ("Awakenings"), entre muitos outros, e o inevitável “Clube dos Poetas Mortos” (Dead Poets Society”). Este último que marcou, e marcará gerações. A mim moldou-me enquanto aluno, pensador e agora professor. A sua interpretação fez que um “Carpe Diem” da Antiguidade Clássica e um “Oh Captain, my captain” de Walt Whitman fossem globalizados e ainda mais eternizados.

Além do que fazia enquanto interpretava, era um pensador social e com um sentido de humor fabuloso; sempre que fazia uma aparição pública destacava pela sua simpatia e por frases como: “Não interessa o que as pessoas digam; as palavras e as ideias podem mudar o mundo”, “A cada um de nós, só é dada uma pequena dose de loucura. E você não deve perdê-la.”, “Costumava pensar que a pior coisa da vida era terminar só, mas não é. A pior coisa da vida é terminar com alguém que te faz sentir só.” ou “Se as mulheres mandassem no mundo, não haveria guerras, apenas negociações intensas a cada 28 dias.”

É certo que muitos o confundiam com o cantor britânico Robbie Williams (quiçá os mesmos que acusaram Spielberg de matar dinossauros!).

É certo que Robin se tornou, num ápice e após morrer, o ator preferido de meio mundo.

E também é certo que, mesmo correndo o risco de ser engolido por esta “silly seasonal main-stream”, não podia deixar de agradecer as muitas horas de diversão, de reflexão e de exemplo profissional. “Resquiat In Pace” “Mr. Keating”, obrigado!

 

Imagem de http://cltampa.com/