12 Janeiro 2015      00:00

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O desemprego jovem não ia baixar?

Em Agosto de 2014 escrevi aqui a crónica Com a verdade me enganas sobre o efeito enganador dos números do desemprego em Portugal, e das políticas adjacentes de aposta em estágios como falsas soluções de emprego, sobretudo para os jovens, tendo um efeito momentâneo nos números dos desempregados, mas não representando de todo uma solução efectiva na criação de postos de trabalho estáveis e pagos condignamente.

Quer isto dizer, que num cenário em que se privilegiam inteiramente a redução rápida dos números, para mostrar aos senhores da Europa e para enganar os portugueses, dizendo que existe menos desemprego, tem-se depois a outra face da moeda, em que o ano de estágio acaba e o jovem volta para a lista de desempregados.

Hoje, podemos olhar para os números mais recentes do desemprego, para percebermos que a situação piorou nos últimos dois meses, chegando a números semelhantes aos de 2012, aquando do aumento de impostos protagonizado pelo antigo Ministro das Finanças Vítor Gaspar (Diário de Notícias de 07/01/2015, tendo por base os últimos dados do Instituto Nacional de Estatística - INE).

Neste cenário, os jovens continuam a ser o grupo mais afectado com a subida do desemprego, uma vez que regista uma subida de 1.2 pontos percentuais (p.p.), contra a subida de 0.3 p.p. por parte das faixas etárias mais velhas.

Pergunto-me, será possível sair da crise e gerar crescimento económico e desenvolvimento para o país, se não é permitido às novas gerações afirmarem-se no mercado de trabalho? 

Acredito convictamente nas potencialidades dos jovens portugueses, representando uma geração capaz e detentora de competências essenciais às exigências do mundo laboral actual, mas que, tanto pela fraca política de emprego no seu país, como pela responsabilidade de alguns interesses instalados, não as conseguem exercer em Portugal, sendo obrigados a sair, a engordar os números do desemprego, ou a aceitarem um trabalho mal pago e com poucas perspectivas futuras.

Alguém disse que o desemprego ia baixar, e se iam criar boas perspectivas para os jovens, mas enquanto as preocupações se centrarem em “operações de cosmética” para iludir os números, e não na solução efectiva dos problemas, vais ser difícil atingirem-se as metas fundamentais na perspectiva de um futuro melhor. 

Foto de cdusoure.wordpress.com