20 Fevereiro 2015      00:00

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O Correr dos dias | 20 fev «Fumo branco…e azul»

A reunião do Eurogrupo desta sexta-feira trouxe a notícia de um acordo entre o Eurogrupo e Grécia: mais quatro meses e sem austeridade adicional.

O resgate à Grécia verá assim estendido o seu prazo sem que tal traga mais medidas de austeridade extra, no entanto, o governo grego compromete-se a não tomar decisões unilaterais como por exemplo a subida do salário mínimo.

O acordo foi conseguido depois de intensas negociações "para reconstruir a confiança", disse o presidente do Eurogrupo.

Depois de vários encontros bilaterais antes da reunião (que viu a hora de início adiada por duas vezes) o ministro grego das Finanças, Yanis Varoufakis, dizia ter "esperança" em chegar a num acordo e ver acontecer História; o ministro alemão das Finanças, Wolfgang Schäuble, dizia que "tudo o que era importante dizer" já "estava dito"; Tsipras acredita no acordo. "Acredito que será aceite a carta em que a Grécia propõe a extensão de seis meses do acordo de empréstimo com os condicionalismos lá descritos. Chegou o momento de uma decisão política histórica para o futuro da Europa."; Lagarde e Draghi preferiram não falar.

Também hoje, sexta, Merkel e Hollande estiveram reunidos em Paris e reiteram a vontade de trabalhar em conjunto de modo a que a Grécia permaneça no Euro.  

Leia aqui o comunicado do Eurogrupo (http://www.consilium.europa.eu/en/press/press-releases/2015/02/150220-eurogroup-statement-greece/)

Ainda sobre a Grécia, esta tarde foi Passos Coelho a repetir o que ontem Marques Guedes havia dito: "A dignidade dos portugueses nunca esteve em causa" e acrescentou que “Nunca teríamos permitido que a dignidade dos portugueses fosse atingida e não foi atingida", .

No debate quinzenal no parlamento, o Primeiro-Ministro Passos Coelho disse ainda que "nunca a troika impôs uma solução a Portugal que não tivesse resultado de uma negociação com o Governo português", fosse com o atual ou com o anterior, do PS, aquele "que negociou o memorando" e "estabeleceu o mecanismo de 'reviews'".

Mas Rui Machete veio também a terreiro falar sobre as declarações de Junker e de que falamos ontem. Diz o ministro dos Negócios Estrangeiros que a 'troika' poderá dever "reparações" a Portugal caso se confirme que as medidas do programa de resgate prejudicaram o país.

Disse "Eu interpreto isto por um desejo de facilitar as coisas e de reconhecer que houve aspetos negativos. Eu lembro, por exemplo, as censuras que a troika fez ao aumento do salário mínimo que Portugal precisou, mas evidentemente se isso é verdade devem-nos reparações. Vamos ver."

Afinal a “troika” foi má, ou não?

Sobre o empréstimo à Grécia escreveu hoje José Diogo Madeira, no “Jornal i” que, e contas feitas ao dinheiro emprestado à Grécia, cada português terá emprestado 268 euros aos gregos. Acrescentou que lhes perdoa a sua parte, mas que não perdoa os 498 euros que cada português teve que pagar pelas falcatruas do BPN, e a ver vamos o que ainda se pode passar com o BES. Pois faço minhas as suas palavras!

E como a Grécia domina todas as conversas por agora, Jorge Sampaio, ex-Presidente da República, veio dizer que “Os países com maiores dificuldades não deviam pôr-se uns contra os outros”. Esta quase uma verdade “la paliciana”, se estamos nas mesmas condições do vizinho do lado, não será ele mais aliado que outro qualquer? Não desejará ele o mesmo que nós?

Jorge Sampaio referiu ainda, ao acrescentou, ao “Público” que “a tónica tem de ser posta nos pontos que unem e não nos que dividem”.

Falou um ex-Presidente, mas também uma putativa candidata a. Manuela Ferreira Leite, ex-ministra social-democrata das Finanças e Educação, não afasta, neste momento, uma candidatura às presidenciais, segundo o que disse à TVI24, ontem.

Pedro Adão e Silva, militante e antigo dirigente do PS, foi quem lançou publicamente o nome de Ferreira Leite como a “pessoa certa para a corrida presidencial”.

Quem já se distanciou das posições do governo português foi o Livre/Tempo de Avançar que disse - em carta dirigida aos gregos e publicada em meios de comunicação gregos - “Envergonham-nos e revoltam-nos as notícias de que o Governo de Portugal tem sido um obstáculo” e que “se a Grécia for bem sucedida, todos ficarão a saber que era possível fazer as coisas de forma diferente, ao contrário do que nos diziam.”

Lá fora, Obama declarou que é preciso “educar contra o extremismo” e que há que diferenciar entre o Islão e o islamismo radical. Acrescentou que, tal como os líderes ocidentais têm feito, os líderes muçulmanos também têm que têm de fazer mais para não permitir passar a ideia de que existe uma guerra civilizacional entre Ocidente e Islão.

Onde a paz também não reina é na Ucrânia; após saberem que a Rússia fornece gás aos separatistas ucranianos, os Estados Unidos ameaçam: “Se a Rússia e os separatistas continuarem a violar os acordos que assinaram haverá um preço a pagar e um isolamento adicional” disse a porta-voz da diplomacia americana, Jennifer Psaki, que condenou também “os ataques dos separatistas apoiados pela Rússia em Debaltseve, Mariupol e noutros locais do leste da Ucrânia, violando o cessar-fogo e ignorando os acordos de Minsk”

O presidente ucraniano, Petro Poroshenko, pediu entretanto  já pediu a intervenção de capacetes azuis das Nações Unidas (ONU) na região.

Do lado russo, o homólogo Putin, quer rearmar a Rússia para responder a pressões e manter um equilíbrio, em termos de força nuclear, com os Estado Unidos. Querem ficar em condições de “responder às pressões externas.”

“Está a realizar-se com êxito o programa de rearmamento do Exército e das Forças Armadas, incluindo o reforço do sistema de defesa espacial e do poderio nuclear. Isto é garantia de paridade global”, disse Putin, citado pelas agências locais, de acordo com a LUSA.

Da NATO surge um aviso. O general do exército britânico Adrian Bradshaw, segundo em comando das forças militares da NATO na Europa, alerta para o risco sério de a Rússia poder estar a preparar um grande ataque a um país de Leste e repetir o golpe que praticou na anexada Crimeia.

Os países em risco eminente de invasão são a Estónia, Letónia e Lituânia; todos eles parte da NATO.

Para terminar, o futebol. O futebol é, muitas vezes, fonte de alegria e são convívio. Mas há sempre aqueles que o usam para dar largas à sua selvajaria e estupidez. Esta semana foi marcada pelo regresso das competições europeias. Em Paris, PSG e Chelsea protagonizavam o duelo mais apetecido da semana. Mas a nota que deveria incidir sobre o jogo, incidirá sobre o comportamento de um grupo de adeptos do Chelsea que, no metro de Paris, impediram um individuo negro de entrar no metro e entoaram cântigos racistas. O ato foi filmado e rapidamente se espalhou por todos os canais de informação. Profundamente condenável em pleno séc. XXI e quando a Europa vive momentos de muita sensibilidade no que toca a este tema.

Quem veio a público marcar posição foi José Mourinho que convidou o visado dos insultos racistas para ver jogo do Chelsea em Londres.

Em Roma, onde os holandeses do Feyenoord defrontaram a Roma, um grupo d eadeptos destruiu o monumento da Praça de Espanha onde, após o jogo, a imagem era de desolação, existindo dezenas de garrafas de cerveja e outros detritos espalhados por todo o lado.

 O monumento esse, com mais de 400 anos, tinha sofrido um restauro recente e tinha sido inaugurado em setembro.

O governo holandês prometeu entretanto "apoio total para punir os culpados" dos estragos.

O embaixador holandês em Roma, Michiel Den Hond acrescentou que "o futebol deve ser uma festa e não há lugar à violência". Nem mais!

Bom fim-de-semana.

Luís Carapinha, editor