19 Fevereiro 2015      00:00

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O Correr dos dias | 19 fev “Mea culpa”

Jean-Claude Juncker, sucessor do português Durão Barroso como presidente da Comissão Europeia, disse hoje sobre a austeridade: "Insultámos a dignidade dos gregos, portugueses e irlandeses"

Foi com esta frase forte que, ao fim de três anos, as instituições europeias perceberam, finalmente, as gravíssimas consequências da austeridade.

De acordo com as agências noticiosas espanholas Efe e Europa Press, Juncker admitiu até que, tendo sido ele presidente do Eurogrupo de 2005 a 2013, estas considerações recentes podem até parecer um pouco "estúpidas" e que "é preciso aprendermos as lições do passado e não repetir os mesmos erros".

Confessou também que, ontem, o seu colégio de comissários falou muito da Grécia e criticou Durão Barroso, pois até aqui "Antes não se falava nada, em absoluto" sobre esse país e que "confiávamos cegamente no que dizia a 'troika'”.

Que imagem andavam os portugueses a pintar de Portugal em Bruxelas? Foi preciso o Syriza para que percebessem os danos que provocaram?

Mas claro que cá, os defensores da austeridade tinham que vir marcar posição (qual grande potência) e desta vez tocou a Marques Guedes a despesa da defesa. Disse que Juncker foi infeliz e que dignidade de Portugal nunca foi beliscada.

Esclareçamos este assunto; ora diga o leitor, português comum: sentiu a sua dignidade beliscada?

Quando à extensão do empréstimo grego por seis meses, Bruxelas aceitou; a Alemanha não.

No mesmo dia em que a Alemanha aprovou um salário mínimo de 1.309 euros, o equivalente a 8,5 euros por hora.

"A carta proveniente de Atenas não é uma proposta substancial para uma solução", disse o porta-voz do ministério alemão, Martin Jäger.

Mas mesmo para o governo alemão, esta recusa não é unanime. Sigmar Gabriel, vice-chanceler da Alemanha e líder do SPD (partido da coligação com a CDU de Merkel) demarcou-se das posições de Schäuble e revelou que considera a carta grega um primeiro passo na boa direção e que a mesma deve ser usado como um ponto de partida negocial e não recriminada publicamente.

Amanhã pode ser um dia chave sobre este tema e o futuro imediato da Europa: o Eurogrupo volta a reunir.

Há um par de semanas, Portugal havia sido criticado por estar a perder fôlego nas reformas; Pierre Moscovici, comissário europeu para os Assuntos Económicos, disse mesmo que Portugal revelava "sinais de atraso na implementação de algumas medidas de consolidação".  No entanto, e face aos gregos, Portugal é agora usado como exemplo.

Mas no meio desta confusão, lembra-se da Islândia?

Em 2008, a banca islandesa colapsou; desapareceu 10% da riqueza islandesa e o desemprego atingiu recordes de 11,9%. Em 2011 a economia deste país nórdico já estava a crescer.

O desemprego é agora de 3 a 4% e o PIB deverá crescer 3,3% segundo as instâncias governamentais.

Olafur Ragnar Grimsson, presidente islandês, diz que esta recuperação se deve em parte a uma razão simples: não terem dado ouvidos aos organismos internacionais, especialmente a Comissão Europeia, que recomendavam medidas de austeridade para suportar a recuperação económica.

Grimsson acrescentou ainda que, se a União Europeia se equivocou com eles "Porque deveriam ter razão noutros casos

De hoje é também a notícia que o Estado Islâmico se pode estar a financiar com venda de órgãos para transplantes, uma vez que têm sido encontrados corpos em valas comuns com incisões cirúrgicas, revelou Mohamed Alhakim, embaixador do Iraque nas Nações Unidas.

Este mesmo Estado Islâmico queimou ontem dezenas de baterias e tambores por serem contra o Islão, como deu conta o “Daily Mail” britânico, e enquanto ardiam eram guardados um grupo fortemente armado.

Ainda no Médio Oriente, um líder religioso saudita informou o mundo que, afinal, a Terra está parada.

O sheik Bandar al-Khaibari, numa palestra para estudantes numa universidade dos Emirados Árabes Unidos contrariou assim, em escassos minutos Copérnico e Galileu.

Estando o heliocentrismo mais do que comprovado cientificamente, passa na cabeça de alguém contrariar algo assim?

O argumento utilizado foi o de que se a Terra se movesse os aviões não poderiam nunca chegar ao seu destino.

Existem já vídeos no Youtube e as visualizações sucedem-se a cada minuto.

Nota final para a iniciativa do trabalho realizado por uma associação alentejana, a BorbaJovem, que aproveitou o carnaval em Borba para se vestirem de Doutores Palhaço e darem uma alegria aos utentes do Centro de Deficientes Profundos Luís da Silva, em Rio de Moinhos. (http://tribunaalentejo.pt/index.php/alentejo/noticias-alentejo/alentejo-central/1957-jovens-de-borba-evora-em-operacao-nariz-vermelho)

Associações assim, com este pendor social, solidário e humano, são o que faz falta neste mundo cada mais louco. Parabéns!

Luís Carapinha, editor