Assinalou-se esta semana o Dia Internacional da Juventude.
Como é hábito, para assinalar a data, foram lançados os resultados relativos a diversos factores do quotidiano dos jovens portugueses.
Resultados? Os jovens portugueses são dos que ganham menos a nível europeu. Equiparando ao nível de formação, concluímos que não existe qualquer acompanhamento salarial.
Actualmente, um jovem licenciado ou com mestrado ganha o mesmo que ganharia se tivesse optado por entrar no mercado de trabalho logo após a conclusão do secundário.
Perante este cenário, qual o incentivo que o Governo está a dar aos jovens portugueses para se formarem e especializarem numa determinada área, aplicando os conhecimentos adquiridos em prol do seu País ou das pessoas que poderá ajudar com a sua formação?
Aqui segue a resposta: perante este cenário, tal como prometeu (e aqui, verdade seja dita, há uma promessa cumprida) está a incentivar os jovens à emigração, procurando emprego em Países nos quais a sua formação seja realmente reconhecida.
E esta emigração, ao contrário do que muitos defendem, não é uma saída à procura de especialização. É uma saída definitiva em busca de soluções equitativas.
Estes jovens não pensam em voltar para um País onde as condições que lhes oferecem são do mais precárias que há memória, e onde o Governo apenas lhes oferece estágios curtos e mal pagos e sem qualquer hipótese de subsídio de desemprego.
Estes jovens pensam em formar-se e em constituir família com as condições pelas quais lutaram e a que têm direito, conquistando uma vida digna e minimamente estável em termos financeiros.
Para aqueles que ficam ou por opção ou porque não têm possibilidades de emigrar o cenário é o que conhecemos: precariedade, precariedade, precariedade.
Precariedade no acesso ao primeiro emprego, com acesso a estágios muitas vezes não remunerados e em que os candidatos acabam por pagar para poderem trabalhar e ganhar um salário no final do mês.
Precariedade no tratamento dado por muitas empresas que apenas contratam jovens devido aos incentivos fiscais e que, passado o período de estágio ou do contrato, colocam o trabalhador na rua abrindo a porta a mais um empregado precário.
Precariedade na conquista de independência e na formação de família. Actualmente, sair da casa dos pais não é para quem quer. É literalmente para quem pode.
Com os salários que auferem, os jovens em início de carreira ou que entram agora na idade adulta, não têm condições económicas para manter uma casa e constituir família, com todas as despesas que isso acarreta.
Mesmo aqueles que, em tempos conseguiram sair de casa, agora são obrigados a voltar, não por comodismo, mas por necessidade de sobrevivência.
Antigamente, a alternativa era ingressar na Universidade e apostar na formação mas actualmente, com os cortes no Ensino Superior e, consequentemente, nos Serviços de Acção Social na atribuição de bolsas de estudo, esta é uma alternativa cada vez mais inacessível aos jovens mais carenciados.
A alternativa é o tal estágio de 9 meses, sem garantias e direito a um subsídio que permita que, após a conclusão do mesmo, o jovem possa ter algum tempo para procurar emprego. Isso ou um part-time nas condições já descritas.
É certo que já não existem empregos para a vida, agora não podemos é transformar as nossas vidas em vidas para o emprego.
Resumindo: a alternativa começa a ser cada vez mais partir e continuar a lutar noutros mares.
Porque, deste modo, este País não é para jovens.