23 Setembro 2014      01:00

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Devaneio do plágio

Mas porque raio alguém se lembraria de copiar um texto escrito por outrem e assiná-lo com o seu próprio nome? A este fenómeno chama-se plágio.

Plagiar é portanto a utilização de qualquer obra intelectual, seja fotografia, texto, música, obra audiovisual ou pictórica, sendo que o utilizador se apropria das mesmas ou parte, identificando-as como suas.

No entanto para mim, plagiar tem outro significado na sua essência. Só plagia quem tem falta de criatividade, quem não tem opiniões e ideias próprias e pretende obter “lucros” e “créditos” intelectuais à custa do trabalho de alguém. Plagiar é ser parasita, é usurpar sem meias medidas algo que não lhe pertence. E claro que isto ao nível dos valores, define bem alguém que o possa fazer, começando pela falta de civismo, de respeito, falta de escrúpulos, isto é claro, além da falta de capacidade intelectual, pois se esta existisse o plágio não faria sentido.

Felizmente com as novas tecnologias, basta colocar no Google a nossa propriedade intelectual e verificar através dos resultados da pesquisa se efectivamente existe plágio ou não. No entanto são também as novas tecnologias que permitem um acesso mais livre à informação e consequentemente e segundo Aurora Teixeira confundem pesquisa com plágio e vivem no mundo do “corta” e “cola”. Por certo muitas vezes o autor não chega a saber que foi plagiado, ou sabe já tardiamente, no entanto, nunca é tarde para denunciar. Através do website da Sociedade Portuguesa de Autores http://www.spautores.pt/, poderão ser esclarecidas dúvidas e encontrar mecanismos de defesa e denuncia.

Existem diferentes tipos de plágio, segundo Ken Kirkpatrick e Lécio Ramos, a considerar o plágio directo que, "consiste em copiar uma fonte palavra por palavra sem indicar que é uma citação e sem fazer referência ao autor”; o plágio parcial que é a"‘colagem’ resultante da seleção de parágrafos ou frases de um ou diversos autores, sem menção às obras”; o Plágio Conceitual que passa pela “utilização da essência da obra do autor expressa de forma distinta da original”; o plágio mosaico o mais comum onde o plagiário “não faz uma cópia da fonte diretamente, mas muda umas poucas palavras em cada frase ou levemente reformula um parágrafo, sem dar crédito ao autor original. Esses parágrafos ou frases não são citações, mas estão tão próximas de ser citações que eles deveriam ter sido citados ou, se eles foram modificados o bastante para serem classificados como paráfrases, deveria ter sido feito referência à fonte”; e ainda o autoplágio que consiste"na apresentação total ou parcial de textos já publicados pelo mesmo autor, sem as devidas referências aos trabalhos anteriores”.

Confesso que fui vítima de plágio de uma das minhas crónicas quinzenais não por uma, mas por várias pessoas e páginas, pelo que termino esta minha crónica citando o austríaco Egon Friedell que na carta que escreveu ao seu plagiário demostra exactamente o sentimento de quem é plagiado:

Prezado Senhor,

Foi surpresa verificar que resolveu publicar a minha humilde estória, "O imperador José e a Prostituta", tal como a escrevi, com o acréscimo das três palavras: "Por Anton Kuh", na publicação Querschnitt. Honra-me sem dúvida o fato de sua escolha ter recaído na minha estorinha, quando toda a literatura mundial desdeHomerose encontrava à sua disposição. Teria gostado de retribuir na mesma moeda, mas depois de examinar toda a sua obra, não encontrei nada que tivesse vontade de subscrever. (ass) Egon Friedell.