27 Novembro 2014      00:00

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A detenção de um cidadão: José Sócrates

O título da minha crónica tem sido o tema mais badalado dos últimos dias, e muito se tem falado e escrito sobre o caso, e muito se tem discutido em praça pública.

Neste processo assistimos a variadíssimas opiniões, mas podemos caracterizá-las da seguinte forma: os que sabem que é culpado; os que sabem que é culpado e que todos os políticos são iguais; os que sabem que está inocente e que isto é uma grande injustiça; e os que não sabem nada (estes são poucos mas existem).

Eu sou dos últimos, sou dos que não sabem nada.

Das muitas coisas que aprendi na universidade, duas das mais importantes foram: primeiro a de ser rigoroso na análise que faço sobre um determinado problema, e depois a de distinguir e identificar o que é um facto e o que é especulação.

O juiz responsável do processo ainda não se pronunciou publicamente (até à data em que foi escrita esta crónica), como saiu para a comunicação social tanta informação? Não existe segredo de justiça?

Neste caso específico só conheço um facto: José Sócrates foi detido em prisão preventiva. E é isto que tenho referido quando alguém me aborda sobre o assunto, porque na verdade não há mais nada para dizer, estou a aguardar.

Se for provado que o ex-primeiro-ministro é culpado dos crimes de que é acusado, então que seja punido e que não haja qualquer regime de excepção no tratamento. É um cenário gravíssimo e deve ser julgado em conformidade, são crimes e por isso devem ser condenados.

Se por outro lado não for verdade, e se se provar que José Sócrates não é culpado, então estivemos a assistir nos últimos dias a um circo mediático de certa forma grave, pela forma como se tratou um cidadão português e pela forma de actuação da justiça.

Se queremos uma justiça isenta e justa, perdoem a redundância, com uma actuação cega como nos mostra a sua representação alegórica, então temos nós também de seguir esse exemplo, e fazer uma análise rigorosa do problema com que nos deparamos ao invés de julgar em praça pública. Em praça pública ninguém gosta de ser julgado, por isso também ninguém devia julgar, sobretudo antes de se apurarem os factos e a verdade.