Aquando da elaboração desta crónica, rebentou a notícia da demissão do Ministro da Administração Interna, Miguel Macedo na sequência das detenções no âmbito do processo “Labirinto”. Este processo, centra-se na investigação de um alegado esquema de corrupção em torno dos “Golden Visa”” – vistos criados pelo Governo para cidadãos que invistam em Portugal mais de quinhentos mil euros em imobiliário ou em empresas.
Como é de conhecimento geral, todo este processo não tem servido para muito mais do que dar oportunidade a cidadãos na sua maioria de nacionalidade chinesa ou angolana para circularem livremente no espaço Schengen.
Investimento estrangeiro? Praticamente nulo.
O que poderia ser uma boa medida em favor do investimento em empresas portuguesas, mais não é do que um meio facilitador de circulação de cidadãos estrangeiros que recorrem ao nosso País apenas para poderem circular livremente no espaço Schegen, celebrando negócios noutros Países.
Miguel Macedo apresentou a sua demissão numa atitude digna, assumindo a sua quota parte de responsabilidade na situação e sujeitando-se às consequências.
Pena é que, por situações muito mais graves outros seus colegas de Governo não tenham tido o discernimento e a dignidade de tomar a mesma atitude.
Situações como as que se têm vindo a registar na Justiça e na Educação, mereciam uma atitude igual por parte dos titulares destas pastas. Em lugar disso o que temos?
Ilusões nas notícias, afirmando-se que está tudo bem quando todos os profissionais sabem que o não o está e tentativas de responsabilização de terceiros que, graças aos serviços do Ministério Público não passaram disso, tentativas.
Este Governo habituou-se de tal forma a actuar sem dar satisfações e sem assumir responsabilidades que tal atitude se começa a tornar escandalosa levando ao imenso destaque da atitude digna e responsável tomada pelo Ministro da Administração Interna.
Embora não concorde com muitas das políticas que apresentou e defendeu ao longo do seu mandato, não posso deixar de realçar pela positiva a sua responsabilidade.
Houvessem mais atitudes como esta e talvez o desinteresse pela Política e pela sua forma de funcionamento não fosse tão grande no País.