10 Março 2015      00:00

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Apenas mulher…

A propósito do Dia Internacional da Mulher, sinto o dever, enquanto mulher, de manifestar que considero ser muito importante existir o dia de homenagem a todas as mulheres, mas tal como o Natal, o Dia da Mulher deveria ser todos os dias, assim como outros tantos dias que considero que deveriam ser todos os dias.

Não me assumo como feminista, no entanto, tenho alguma fixação com alguns temas que envolvem as mulheres. Todas as pessoas são diferentes e únicas, homens e mulheres. Todas devem ser por isso, respeitadas na sua individualidade. Não promovo a igualdade, até já escrevi sobre o tema, apenas sou defensora acérrima da igualdade de oportunidades, pois apenas tendo as mesmas oportunidades poderemos mostrar capacidades e competências para determinada função, sobre determinado assunto ou perante o mesmo desafio.

No entanto, os dados estatísticos mostram que a violência nas mulheres é um facto e os números são assustadores, mas a que se deve isto? Na profissão, apesar de existirem mais mulheres licenciadas, são porém os homens que ocupam lugares de chefia com vencimentos mais elevados. Quer no associativismo, quer na política, a participação das mulheres é inferior! Continuo sem encontrar resposta ao porquê, no entanto, enquanto mulher, já tive um papel activo na política, continuo a fazer parte no associativismo e na profissão tenho um cargo de gestão. No entanto, não tenho filhos! Será esta a resposta?? Serão as obrigações familiares que afastam as mulheres da sociedade e da vida activa, onde tanta falta fazem? Será obrigatório escolher entre a família e a profissão?

Creio que a motivação, interesses e aspirações de cada uma de nós ditam o futuro que teremos, mas a acomodação não fará mudar a sociedade. O papel de cada uma de nós é fundamental, para em conjunto com todos construirmos um futuro melhor. Muitas competências das “nossas mulheres” estão apenas dedicadas à família. Não merecerá a nossa sociedade usufruto dessas capacidades e da presença de todas as mulheres “capazes” que muitas vezes estão escondidas. É possível compatibilizar, claro que é, não fossem as mulheres conhecidas como “multitask”, versáteis e com uma enorme capacidade de adaptação.

Lembro-vos Carolina Beatriz Ângelo, a primeira mulher portuguesa a votar. Beatriz, como ficou conhecida, era médica e ficou viúva, com uma filha a seu cargo, tendo-se tornado a “chefe de família”. Uma vez que as mulheres não podiam votar, dizendo a lei que podiam votar “cidadãos portugueses com mais de 21 anos, que soubessem ler e escrever e fossem chefes de família”. Beatriz era chefe de família, sabia ler e escrever e tinha mais de 21 anos e “aproveitou” uma falha no sistema e votou, contra tudo e todos. Isto passou-se em 1911!

Volvido mais de um século, precisamos cada vez mais de “Beatrizes” ou querem vocês imaginar o que teria acontecido se a Beatriz Ângelo não tivesse lutado por todas as mulheres, pelo nosso direito de voto. Possivelmente já votaríamos há algum tempo… Mas há quanto tempo?

Precisamos sair da “casca”, da nossa zona de conforto, criar independência e não dependências, isto para nossa própria segurança. Zelemos por nós, pela nossa família, pelos nossos amigos, por quem nos faz bem, pela nossa profissão e lutemos pelos nossos objectivos, que certamente nos realizarão em todos os âmbitos!

Somos capazes! Tão ou mais capazes!