28 Janeiro 2021      10:28

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Vinhos do Alentejo pioneiros na certificação de sustentabilidade

A região do Alentejo já criou, em 2020, uma certificação própria, e os primeiros vinhos com selo de sustentabilidade chegam este mês às prateleiras.

De acordo com o Jornal de Negócios, embora uma certificação de sustentabilidade para os vinhos a nível nacional esteja agora a dar os primeiros passos, a região do Alentejo já prepara este caminho há largos anos.

Em dezembro de 2020, a Herdade dos Grous foi o primeiro produtor a obter a garantia de produção sustentável que foi criada pela Comissão Vitivinícola Regional Alentejana (CVRA). No entanto, “durante o ano de 2021 é expectável que mais produtores se juntem à Herdade dos Grous nesta certificação”, adianta a comissão.

A certificação foi criada no passado agosto, com o objetivo de tornar visível o caminho que tem vindo a ser percorrido por muitos produtores da região desde 2015. De acordo com o presidente da CVRA, Francisco Mateus, “temos um programa de sustentabilidade que estabelece boas práticas e metas, e quando essas são atingidas, o produtor pode aceder à certificação”.

A comissão destaca como critérios que são exigidos para obter a distinção a implementação de práticas agrícolas que potenciam a proteção dos solos e a promoção da biodiversidade, o uso eficiente de energia e de água, o recurso a energias renováveis, assim como materiais mais sustentáveis na embalagem dos produtos e, por fim, iniciativas de responsabilidade social, que envolvem não só os colaboradores, mas também a comunidade local.

Contudo, a certificação é opcional, uma vez que tem custos associados. Dependendo da dimensão dos produtores e do número de trabalhadores, o preço oscila entre os 900 e 1.500 euros a cada cinco anos. Mas também dá retorno, com os países estrangeiros a notarem um acréscimo entre os 5 e os 10% nas vendas. Ainda assim, “o principal é ter os produtores com boas práticas num nível desenvolvido”, afirma Mateus. Por isso foi iniciado o Programa de Sustentabilidade dos Vinhos do Alentejo (PSVA), em 2015.

O programa surge na sequência da preocupação de assegurar um futuro ao setor do vinho no Alentejo, num contexto de alterações climáticas que levam a aridez e a falta de água. Este programa já conta com mais de 429 membros, que representam aproximadamente 40% da área de vinha plantada no Alentejo.

Através do programa, a CVRA aponta uma redução de até 30% do consumo de energia em vários produtores e de 20% no consumo de água. Promove também a economia circular, com 38% dos membros a converterem os resíduos orgânicos em adubo.

Questionado sobre o futuro da certificação regional, agora que uma nacional está à porta, Francisco Mateus defende que “as coisas que forem comuns justificam abordagens comuns” e o objetivo é que exista uma certificação sustentável de confiança, pelo que admite que os caminhos se cruzem e até que se confundam.