Já ouviu de certeza que Vila de Frades já não tem abades, Mas tem adegas que são catedrais, Os seus palhetes são brilharetes, São de beber e chorar por mais. Tem que por lá passar para saber do que estamos a falar.
A Adega ACV Vinhos de Talha acaba de abrir as portas do seu enoturismo no coração de Vila de Frades, onde produz vinhos com métodos de vinificação que permanecem os mesmos desde os tempos dos Romanos, há mais de 2 000 anos.
Esta adega familiar, a primeira a receber a denominação DOC para vinhos de talha, revela os segredos destes vinhos ancestrais cuja cultura está cada vez mais viva no Alentejo. “Queremos dar a oportunidade ao público de degustar e apreciar a qualidade e a diferença destes vinhos tradicionais, conhecer as castas mais usadas e o três principais métodos de condução da vinha, praticados na região no último século,” diz Alexandre Frade, dono da adega.
Rigoroso na produção deste vinho tradicional, explica que, “são processos de fabrico que preservam as qualidades originais e mais puras que os vinhos apresentam desde os tempos antigos.”
Seguindo os métodos tradicionais, as largas ânforas de barro - com 900 à 1300 litros de capacidade -, são pesgadas (técnica de revestimento do interior da talha que permite micro-oxigenação) para a impermeabilizar as talhas com uma camada de pêz (resina de pinheiro) só, ou misturado com cera virgem. Visto o tamanho e peso destes recipientes, Alexandre Frade recorreu a uma ferramenta que suspende as talhas, de forma a conseguir uma pesgagem mais homogénea.
Dentro da adega, situada no coração da vila, os vinhos estagiam nas talhas durante cerca de cinco meses antes de serem engarrafados. De momento a família Frade produz pequenas quantidades de 6 variedades de vinho, quatro brancos e dois tintos: D. Alice Branco 2016 (250 garrafas), D. Alice Branco 2017 (480 garrafas), Escolha Branco 2016 (588 garrafas), 1856 Branco 2016 (900 garrafas), Peculiar Tinto 2017 (2800 garrafas) e D. Alice Tinto 2017 (630 garrafas).
Para o ano, preveem um aumento de mais de 50% da produção.
“Os vinhos de talha já por si têm muita história”, diz Sérgio Frade, filho do produtor, que explica que cada um dos seus vinhos tem a sua própria história. “Os vinhos D. Alice são uma homenagem à minha mãe, O 1856 é feito numa talha que data desse ano e o Peculiar foi produzido num ano em que as condições foram muito peculiares, resultando num vinho de carácter único.”
O enoturismo propõe visitas de cerca de duas horas e meia (30€ por pessoa para grupos de 5), que têm início na adega com uma explicação histórica e enológica sobre como se faz o vinho, assim como uma prova de quatro vinhos, seguida de uma visita guiada às vinhas: vinha centenária, vinha antiga – com cerca de 40 anos -, e vinha moderna.
Também existe uma opção mais curta, em que se pode fazer uma prova comentada de dois (10€) ou quatro (15€) vinhos acompanhados de uns petiscos na adega.