23 Dezembro 2016      16:38

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VAI ÀS COMPRAS? CUIDADO

O marketing e a publicidade são mais complexos e profundos que aquilo que a maioria das pessoas pensa. Envolvem psicologia, sociologia etc.

Por exemplo, a arrumação e organização de um supermercado não acontece de forma aleatória, pelo contrário, têm lógica e uma certa ciência por detrás, na verdade, há truques que os supermercados usam para fazer com que compre o que não precisa, ou que os seus filhos o obriguem a fazê-lo.

Um artigo de 2015 do jornal espanhol ABC revelou uma grande quantidade destes truques e que nos fazem levar para cas coisas que não queremos e sem que nos apercebamos em muitos casos, e este perigo duplica nesta fase natalícia.

Aumentar o tamanho dos carrinhos de compras, colocar os bens de primeira necessidade ao fundo dos corredores, alterar a distribuição das seções, colocar os produtos mais baratos ao nível do chão e os que querem vender ao nível dos olhos, são só alguns truques que as grandes superfícies utilizam para aumentar as vendas.

Por tradição, a psicologia sempre desempenhou um papel importante nas estratégias de venda das superfícies comerciais. Devido a esta ciência, desenvolveram-se um sem-fim de pequenas ações que têm como objetivo conseguir que os clientes acabem comprando produtos que não pensavam adquirir.

Perante este tipo de práticas, aos consumidores não lhes resta outra opção a não ser fazer uma lista com tudo o que realmente necessitam de comprar e cingir-se a ela. Para vencer esta difícil batalha convém conhecer quais as estratégias que os supermercados empregam para vender mais. Há dez truques que tem que saber (e que estavam, originalmente, no blogue espanhol “Psicología y Mente”) mas, infelizmente para o consumidor, há mais.

 

1 – Carrinhos de compras cada vez maiores

Desde que apareceram, na década de 30, as dimensões dos carrinhos de supermercado não deixaram de aumentar consideravelmente. O motivo é tão evidente como simples. Muitos consumidores não se sentem satisfeitos se não encherem completamente o carrinho e, quanto maior for o carrinho, mais coisas compra.

 

2 – Os preços resultam melhor com cêntimos

O consumidor, normalmente, fixam o primeiro algarismo e prestam pouca atenção aos cêntimos, o que pode distorcer a perspetiva do que é caro ou barato. Assim, a primeira impressão de um produto cujo preço é 9,99€ é a de que é mais barato que um de 10€, já que inconscientemente se tende a acreditar que o seu preço é sensivelmente menor. É das estratégias mais conhecidas e continua a ser das que melhor resultam.

 

3 – Colocar os produtos à altura dos olhos

Quando se caminha pelos corredores dos supermercados, a vista tende a concentrar-se naqueles objetos que se encontram à altura da cabeça. É dado adquirido que quando uma grande superfície quere aumentar as vendas de determinado artigo, em detrimento de outro que tem em menor quantidade ou lhe dá menos margem de lucro, opta por colocá-lo onde tem mais visibilidade.

Outros artigos que podiam ser uma alternativa de compra estão menos à vista, pelo que será mais difícil encontrá-los. Deste modo, artigos pequenos como brinquedos ou guloseimas costumam estar a uma altura inferior para que fiquem ao nível de visão das crianças.  

 

4 – Os artigos imprescindíveis são colocados ao fundo da loja

Praticamente em todos os supermercados, produtos como: ovos, leite, carne peixe ou verduras encontram-se nos corredores do fundo. O objetivo é obrigar os compradores a passar por toda a loja, expondo assim os consumidores a promoções e a uma grande quantidade de produtos que não tinha pensado adquirir.

 

5 – Os produtos desnecessários estão à entrada

O s artigos que dão uma maior margem de lucro como as flores, os bolos, os pratos pré-cozinhados etc. costumam estar na entrada das lojas. A razão é que são artigos que se consomem no momento, o seu impacto visual nos consumidores é grande e estes tendem a cair nesta teia, sobretudo se o carrinho ainda está vazio.

 

6 – As caixas estão sempre à esquerda

Na maioria dos supermercados, a entrada está à direita das caixas. Isto obriga a que os clientes, na maioria destros, se tenham que deslocar para a esquerda, no sentido oposto aos ponteiros do relógio. De acordo com a especialista em marketing e publicidade Sara Villegas, esta disposição faz com que o cliente se sinta mais cómodo, já que quando não se têm referências espaciais a tendência da maior parte das pessoas é girar à esquerda. Quantos mais corredores o cliente recorrer antes de chegar à linha de caixas e mais tempo estiver na loja, maior será a conta do cliente.

 

7 – Mudar a localização de produtos básicos com frequência

Quando um cliente já conhece a distribuição do supermercado e onde se encontram os produtos de que necessita, isso permite-lhe comprar sem distrações. Assim, mudar periodicamente os produtos de sítio assegura que os clientes tenham que passar mais tempo pelos corredores, o que, uma vez mais, aumenta as possibilidades de que ponha algo no carrinho que inicialmente não tinha previsto adquirir.

 

8 – Piscar de olho à ecologia

A decisão de muitas grandes superfícies de começar a cobrar pelos sacos plásticos, alguns até antes que a legislação os obrigasse, foi anunciada como um compromisso das empresas com o meio ambiente. Contudo, esta decisão escondia uma grande redução de custos e, em simultâneo, um aumento dos lucros, já que ganhavam uns cêntimos por saco que anteriormente eram grátis. No respeitante aos sacos reutilizáveis, além de uma fonte de lucro extra, converteu-se também num suporte gratuito de publicidade da marca.

 

9 – Caos nos produtos em promoção

Habitualmente, a zona destinada a produtos em promoção ou em liquidação costuma estar quase desaparecida no meio do caos, o que obriga os clientes a procurar na desordem. A razão é fazer sentir ao consumidor que o artigo vale a pena, como se fosse um jogo e o produto o prémio. Poucos resistem a comprar o produto nestas circunstâncias. Estas seções estão pensadas para consumidores com baixo poder de compra e muito tempo livre.

Para os compradores que não se queiram ver associados a este estereótipo, a loja dispõe de uma enorme gama de produtos perfeitamente ordenados e, claro, muito mais caros.

 

10 – A tentação dos produtos junto às caixas

Depois de recorrer todo o supermercado, a encher o carro, junto às caixas está a sua recompensa por tamanho esforço: uma vasta gama de produtos de baixo valor mas com grande atratividade. Pastilhas elásticas, gomas. Chocolates, revistas, pilhas ou lâminas de barbear são produtos com uma grande margem de lucro para os supermercados e que, na teoria da psicologia do consumidor, cumprem uma função: ser a cereja no topo do bolo do cliente, uma vez que é uma compra impulsiva e baseada numa necessidade fictícia. Esta dose é reforçada no natal com o triplo de chocolates disponíveis. Difícil é resistir.

 

Imagem de denizesperafico.com