26 Março 2022      09:48

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Uma Primavera que urge chegar

Por Álvaro Folhas

No passado domingo, 20 de março, às 15:33 horas, deixámos para trás o Inverno. Deu-se o Equinócio da Primavera.

A posição relativa do Sol em relação à Terra nesta data, fez incidir os raios solares sobre a Linha do Equador, iluminando igualmente o hemisfério norte e o hemisfério sul. Tal acontecimento resulta numa igual duração do dia e da noite em ambos os hemisférios, o que está bem patente na origem das palavras Equinócio, de origem latina aequinoctium (aequus que significa igual e nox para noite) ou seja “noite igual” (ao dia), e Primavera, cuja génese linguística primo vere, significa “primeiro verão”. Até ao solstício de Verão, iremos assistir a cada dia, ao aumento da duração do período diurno, roubando tempo à noite, e o movimento aparente do Sol irá passar mais alto, de forma cada vez mais aprumada, o que intensificará a radiação solar tornando os dias mais quentes. Assim, para ajustar melhor estas circunstâncias ao nosso quotidiano funcional, será ajustada a mudança para horário de verão, que será realizada adiantando os relógios uma hora na madrugada de domingo, 27 de março, da 01h00 para as 02h00.

Esta entrada na Primavera, na forma descrita atrás, é assim por cá, que vivemos no hemisfério norte, acima do trópico de Câncer. Já no hemisfério sul, esta data marca o fim do verão neste que é o seu equinócio de outono.

Voltando à duração do dia e da noite, em rigor, a data em que dia e noite tiveram exatamente a mesma duração aconteceu no dia 17 de março, e não a 20 de março que conta já com mais 7 minutos de período diurno (fonte: Observatório Astronómico de Lisboa). As razões deste desfasamento devem-se à confluência de vários fatores: por um lado o facto do Sol não ser um ponto implica que os instantes considerados para o nascer do Sol, ou para o pôr do Sol (ocaso), são os momentos em que metade do círculo solar está acima do horizonte, e não quando este surge ou desaparece no horizonte. Por outro lado, acresce ainda a refração da luz solar indireta, dispersa na atmosfera da Terra (quando o centro do disco solar atinge 18 ° abaixo do horizonte) no início e no fim do dia, prolongando o período diurno mesmo sem a presença do Sol. Perante o exposto alguns dos leitores poderão perguntar porque não mudar então o dia 20 para 17? Bom, este dia de Equinócio tem, na sua base, outras razões. Na realidade os equinócios definem-se como o momento em que o Sol (centro solar) atravessa a linha imaginária do equador, nascendo exatamente no ponto cardeal Este e pondo-se exatamente a Oeste.

À parte das razões científicas, este domingo marcou o início da Primavera. Estação do ano que inspirou artistas e poetas, numa miríade de obras que nos fazem sonhar. Que desperte em todos o renascer da esperança e o desabrochar da vida, e devolva a paz ao mundo que tanto precisa dela.

 

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Álvaro Folhas é Professor no Agrupamento de Escolas de Águeda Sul. NUCLIO –Núcleo Interativo de Astronomia e Inovação na Educação. CITEUC – Centro de Investigação da Terra e do Espaço da Universidade de Coimbra.

 

Tribuna Alentejo com APImprensa