21 Junho 2020      11:09

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Uma carta à alma

Querida Alma,

Prometi-te parar de escrever sobre ele; mas sinto-me nua sem a sua presença, preciso de palavras que me marquem, que me vistam e que me agarrem tão ou mais forte quanto os braços dele.

Hoje, perdi-o. Perdi a parte mais bonita que alguma vez tivera pintado. Perdi o encanto nas pequenas coisas; agora, a minha visão está turva, colorida com a cor mais escura que nunca planeámos. O futuro está de novo instável e a minha pele arrepia ao dar permissão para ela imaginar um. Perdi-o e perdi-me a mim; eu fui junta como uma concha que é fortemente embrulhada pela onda mais encantadora que já passara pela nossa mente. Estou quebrada e virada do avesso. É tudo irreal; um pesadelo onde grito sem gritar, mexo-me sem me mover e

nada

Não acontece nada.

A cada segundo que passa a angústia cresce e cresce, a minha face seca zanga-se por estar queimada, o meu coração suplica como uma criança perdida. Estou sozinha, de novo. Sou eu, de novo, contra o mundo; apesar de estares rasgada (culpa minha, o que lamento), digo-te: se algum dia me perguntarem sobre quem é que devo uma vida, eu responderei aclarando a voz que sou eu (tu). Eu sou a pessoa mais forte que eu conheço. Eu conheço-me e será outra luta que formará outra peça de mim; apesar da dor que as minhas veias irradiam, espero que seja um elemento bonito que me torne um humano ainda melhor. Continuo a acreditar que tudo acontece por alguma razão, sabes? Que nada disto é em vão.

Desculpa magoar-te de novo, eu jurei-te o impossível; prometi-te o futuro e, uma vez mais, estás rachada. Desta vez, lutarei para que seja diferente. Não desistas de ti (mim).

Só tu, e apenas tu, sabes o que carrego e, por isso, te nomeio de minha melhor amiga.

À medida que falo contigo num diálogo impossível, o meu peito solta suspiros agradecendo por estar a fazê-lo. Obrigada por me ouvires e ajudares a crescer; por me mostrares quem sou todos os dias, aquilo que luto e desejo. Confesso que tenho receio de dormir e sonhar com um mundo perfeito onde ele ainda pertença, realmente nunca sabemos quando é a última vez de algo e isso dói; ajuda-me por favor.

Para sempre tua,

Rita