A binariedade entre o certo e o errado, aplicado à atual economia discursiva, auto-impõe limites, maioritariamente, não credíveis.
Estou a falar da situação do povo Rohingya.
Vivendo em Myamar, habitam uma prisão a céu aberto, sujeitos a todo um tipo de atrocidades, de restrições, de trabalhos forçados, de restrições à liberdade de circulação, de extorsões, de regras de casamento injustas e confisco de terras. Com cidadania recusada pelo governo e acusados de práticas violentas sobre a maioria budista, vivem um apartheid consentido.
Esta emergência de uma certa razão de ser e de estar, continua a ser esquecida, por quem de direito (ONU, ACNUR, UNICEF e comunidade, em geral).
O atual confinamento a este tipo discursivo gera impotência de quem observa e apenas pode limitar-se a denunciar.
Partindo do pressuposto que todo o entendimento é relacional, fazendo parte de gestos comunitários, continuo a acreditar que o rigor é discutível quando está em causa a conquista das verdades. Se pensar é sinónimo de reagir, protestando não podemos deixar cair em esquecimento este genocídio.
O extermínio permitido, já nada tem de subtil, levando Suu Kyi a apagar toda a sua história de vida e de luta pela liberdade. Detentora de um Prémio Nobel e um Prémio Sakarov consente, a perseguição, a uma comunidade muçulmana, num país onde 90% da população é budista. Cada vez mais estes prémios agraciam personalidades que, mais cedo ou mais tarde os descredibilizam, se alguma credibilidade ainda detém. O movimento sustentado por estas condutas desviantes, ratifica transgressões, levando a factualidade histórica à confirmação do que de ruim existe no Homem.
Com cerca de 60% de crianças, segundo a UNICEF, estes refugiados estão a ser castigados por possuírem uma identidade própria, no seio de uma comunidade, onde estão em minoria.
Declarada pela ONU como uma das minorias mais perseguidas do mundo, continuam à espera que se faça justiça, esperando o reconhecimento, e a ajuda, da comunidade internacional.
Se mais não podemos fazer, pelo menos, falemos do assunto.
Imagem de capa de telegraph.co.uk