10 Março 2016      15:31

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TEMOS CAMPEÃO...SÓ FALTA TER FEDERAÇÃO

Todos já ouvimos dizer que Portugal é só futebol, e na realidade vemos que o apoio institucional a outros atletas é parco ou inexistente, não só porque a política de patrocínios não permite a participação em provas no estrangeiro, mas porque raramente acompanha o apoio do “pai-trocinio”.

Recentemente uma televisão generalista lusa fez uma reportagem em que mostrava que tínhamos vários exemplos de campeões portugueses, que só o são porque os pais fazem um esforço enorme (financeiro e não só) para que eles possam evoluir, mas também que possam fazer o que a qualquer atleta não se nega… competir.

Podia aqui dar vários exemplos, mas basta-me apresentar o exemplo do Miguel Oliveira (Vice Campeão do Mundo em MotoGP3), o enorme talento do piloto é reconhecido a nível nacional, mas também a nível internacional (relembro que disputou a liderança do campeonato até a ultima prova).

Mas qual foi a contribuição da FMP (Federação que tutela o Motociclismo lusitano) para a sua formação? Qual foi a política de deteção de talentos que permite identificar os Oliveiras que existem?

Na minha opinião, enquanto adepto da modalidade e motociclista, a FMP existe formalmente, mas na prática não existe. A estrutura de direção esta cristalizada nos últimos 20 anos, exercendo a sua direção a vez, como se fossem um clube restrito ou mesmo privado.

A nível competitivo, salvo as provas organizadas por estruturas locais (clubes, moto clubes e autarquias), as tuteladas pela FMP são uma falacia… o campeonato de velocidade (a titulo de exemplo) realizou-se em 2015 com grelhas de pilotos, em algumas classes, que alternavam entre 2 e 5 pilotos em pista.

O investimento na formação de novos valores é pura miragem, curiosamente não por falta de apoio financeiro, pois como em tantas outras modalidades, desde que se faça, não por falta de dinheiro que a obra não aparece (veja-se exemplos das federações de Surf).

Um federação sem formação, é uma federação com desporto sem futuro.

O motoclismo nacional deve aproveitar ter um campeão mundial que fala português, mas para isso é necessário que exista renovação, quem nada fez nos últimos 20 anos, não pode continuar a frente da estrutura, quem se cristalizou na função, não pode continuar a frente da Federação, quem tem procurado (a revelia da lei) manter-se a todo o custo (quem o diz é o ministério publico e o tribunal arbitral do desporto) não pode continuar a dirigir o motociclismo em Portugal.

Temos campeão, é hora de também ter uma federação.

Imagem de capa daqui.