23 Outubro 2017      17:59

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TECNOLOGIA PODE PROVOCAR REVOLTA SOCIAL SE AS PESSOAS NÃO FOREM COLOCADAS EM 1.º LUGAR

Richard Baldwin, um grande especialista sobre a globalização, veio a Portugal para uma conferência para debater a desigualdade na Fundação Francisco Manuel dos Santos e considerou que vai ocorrer uma revolta social contra a tecnologia e que a revolução tecnológica e a globalização já estão a colocar novos problemas à economia, como a destruição de postos de trabalho tradicionais e a crescente automação dos processos de produção industrial, defendendo como solução o rendimento mínimo de sobrevivência e o aumento do peso do Estado.

O eurodeputado eborense Carlos Zorrinho concorda que o desenvolvimento de novas tecnologias de automatização de procedimentos (robotização) as características do trabalho e das competências necessárias para o desempenhar vão mudar de forma drástica. "Muitas oportunidades de trabalho vão ser criadas e muitas vão ser perdidas, mas não necessariamente para as mesmas pessoas e nos mesmos territórios". Zorrinho alinha na Flexisegurança, mas "com as Pessoas em primeiro lugar". 

Para Baldwin a alternativa, que é onde se baseia o conceito de "flexicurity", é um modelo assente numa espécie de contrato social, pelo qual quando se perde o emprego — seja devido à globalização, à automação, à idade ou a mudanças climáticas, o que seja — o Estado e a sociedade têm a obrigação de ajudar o trabalhador a ajustar-se à nova realidade.

"A flexisegurança como princípio é necessária, mas o importante são os valores e as garantias que nela são incluídas" defende Carlos Zorrinho. "Não podemos aceitar que a modernização tecnológica seja um processo tecnocrático  "doa a quem doer". É preciso garantir a todos os trabalhadores oportunidades de requalificação e garantias de acesso a mecanismos de transição que assegurem a sua dignidade", sublinha o eurodeputado.

E conclui que no quadro do desenvolvimento do pilar social europeu tem-se batido para que essas garantias sejam asseguradas. "Há quem pense que com a evolução tecnológica as diferenças entre ser de esquerda ou de direita foram anuladas. Não é verdade. Revelam-se é de outra forma. Uma "flexisegurança" de esquerda e progressista coloca as pessoas em primeiro lugar."