12 Abril 2021      09:13

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Sines: Holanda prevê carregamentos de hidrogénio a partir de 2025

Bas van’t Wout, ministro dos Assuntos Económicos e Política Climática dos Países Baixos

O porto holandês de Roterdão prevê começar a receber os primeiros carregamentos de hidrogénio verde a partir de 2025.  

O ministro dos Assuntos Económicos e Política Climática dos Países Baixos, Bas van’t Wout, durante a conferência de conferência online “O hidrogénio nas nossas sociedades – estabelecer pontes”, realizada na semana passada, no âmbito da presidência portuguesa da União Europeia, apontou que um “passo importante será a criação de uma infraestrutura de importação e exportação para transportar hidrogénio verde na União Europeia”, dando o exemplo dos “produtores em Portugal até ao porto de Roterdão para abastecer as indústrias neerlandesa e alemã”.

“Os planos de Portugal para produzir hidrogénio verde para o porto de Sines será uma contribuição fundamental para o mercado de hidrogénio na União Europeia”, afirmou.

Em setembro de 2020, os governos de Portugal e da Holanda assinaram um memorando de entendimento que prevê o “desenvolvimento de uma cadeia de valor estratégica de exportação-importação, garantindo a produção e o transporte de hidrogénio verde de Portugal para os Países Baixos e o seu “hinterland” [região interior], através dos portos de Sines e de Roterdão”.

“Os dois países comprometem-se em dar mais um passo na sua ambição de contribuir para o desenvolvimento do hidrogénio verde na Europa, isto é, de hidrogénio obtido a partir de fontes renováveis”, segundo comunicado divulgado na altura pelo ministério do Ambiente.

Segundo a Estratégia Nacional para o Hidrogénio (ENH2), Sines poderá vir a ter eletrolisadores com capacidade até 1 gigawatt que serão alimentados por energia solar e eólica numa potência de um gigawatt. Parte deste hidrogénio será para exportação para a Holanda via navio, para injetar nas redes de gás natural, e para distribuir por camião cisterna.

Em Portugal, o Governo chegou a ter programado enviar para Bruxelas até ao final de 2020 o dossiê da candidatura nacional a fundos europeus no sector do hidrogénio verde, o processo IPCEI, mas este prazo não foi cumprido.

Várias dúvidas persistem sobre a produção e a exportação de hidrogénio verde: os eletrolisadores mencionados atualmente têm uma capacidade muito maior face aos atualmente existentes, e também em relação ao seu armazenamento, transformação e transporte por navio.

No final de 2020, o ministro do Ambiente, João Pedro Matos Fernandes, enviou uma carta à Comissão Europeia a defender a criação de um mecanismo transfronteiriço para subsidiar a produção de hidrogénio verde. Este mecanismo tem um grande objetivo: a subsidiação da produção de hidrogénio verde no país de origem pelos países exportadores.

Isto iria permitir, por exemplo, que a Holanda venha a subsidiar a produção de hidrogénio verde no projeto previsto para Sines, pois parte deste gás renovável a ser produzido aqui tem como objetivo a sua exportação para o norte da Europa, via porto de Roterdão, para ser usado na indústria deste país que atualmente usa o chamado hidrogénio cinzento, mas que conta com emissões poluentes.

No ano passado, a EDP, Galp, Martifer, REN e Vestas anunciaram a criação de uma parceria com o objetivo de criar um cluster industrial de produção de hidrogénio verde na cidade da costa alentejana: o H2 Sines.

“Numa primeira fase, prevê-se a instalação de um projeto-piloto de 10MW de eletrólise que, ao longo da corrente década, possa, em função de critérios económicos e tecnológicos, evoluir até 1 GW de capacidade de eletrólise, suportados, a prazo, por cerca de 1,5GW de capacidade de geração de energia elétrica renovável para alimentação dos eletrolisadores”, segundo o comunicado divulgado em julho de 2020 por este consórcio.

Fonte: O Jornal Económico