28 Novembro 2019      10:15

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Sines está a salvar expressões locais em desuso

O projeto "Dizeres" recolheu 625 unidades vocabulares e reteve 329 expressões "consideradas significativas para as comunidades de Sines", passadas agora para um "dicionário" digital vai poder ser consultado na página 'online' do município, e está dividido em três capítulos, "Mar", "Um pé na terra e um pé no Mar" e "Terra", representando as atividades desenvolvidas pela população local.

O Município de Sines conseguiu um apoio financeiro de cerca de 17 mil euros da EDP para criar uma lista digital com todas as expressões antigas da região e que correm o risco de se perder. O "linguajar" típico de Sines foi inventariado e listado e vai ser protegido através da sua inclusão num glossário digital e que vai ficar disponível para todos os interessados, a partir desta semana.

O projeto é promovido pelo Arquivo e Biblioteca Municipal de Sines e pretende preservar as memórias locais.

'Mariola' (alguém reguila), 'gandaia' e 'chui' (sinal que andavam no leilão do peixe, durante a lota) e 'lembrisca' (pessoa curiosa que se mete na vida dos outros) são algumas das expressões já identificadas e que foram levadas para o concelho do litoral alentejano, pelas comunidades algarvia, setubalense e cabo-verdiana ou pelos descendentes dos ílhavos, segundo o vice-presidente da autarquia.

A equipa que desenvolveu o projeto, que tem o apoio científico da Universidade de Évora, tem estado desde o ano passado a "despistar" os termos, de forma a listar apenas o que são particulares à região já que muitas expressões têm um uso comum no país mas em Sines essas mesmas expressões têm significados diferentes. Por exemplo, a palavra impostor significa no português comum um mentiroso. Em Sines significa "Vaidoso". Ou a palavra fonico que em Sines significa alguém que é sovina e que não tem paralelo em nenhuma parte do país.