2 Setembro 2020      11:32

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Sindicato alerta que cirurgia na urgência de Beja tem falta de médicos

O Sindicato Independente dos Médicos (SIM) denunciou que a cirurgia no serviço de urgência do hospital de Beja está a funcionar “abaixo dos mínimos de segurança” e está “em perigo de encerrar” se não forem contratados mais médicos, adianta a Lusa.

Em comunicado, o SIM refere que “as equipas de cirurgia” na urgência do hospital de Beja, que é gerido pela Unidade Local de Saúde do Baixo Alentejo (ULSBA), “estão a funcionar abaixo dos mínimos de segurança para cidadãos e médicos”.

Já a presidente do conselho de administração da ULSBA, Conceição Margalha, afirma que tal “não é verdade” que as equipas estão a funcionar “abaixo dos mínimos de segurança”.

De acordo com a responsável, “o que acontece é que há dias, que são pontuais e raros, em que não há o terceiro cirurgião de serviço numa equipa – o de urgência interna –, mas é algo que acontece pontualmente”, explicando ainda que a lei obriga a que cada equipa de cirurgia de urgência seja composta por três cirurgiões – dois na urgência geral e um na urgência interna.

No entanto, o SIM garante que os cirurgiões do hospital de Beja estão “exaustos” e “já ultrapassaram há muito as 150 horas de trabalho extraordinário, o que é agravado” pela pandemia de covid-19 e pela idade dos clínicos.

“Dos seis chefes de equipa” de cirurgia do hospital, “quatro têm mais de 50 anos e dois mais de 55 anos”, alega o SIM, referindo que os médicos com aquelas idades “já não são obrigados a fazer serviço de urgência e só a sua dedicação é que os motiva”.

Assim, o sindicato “exige” que a administração da ULSBA “contrate médicos”, porque, “de outra forma”, a cirurgia no serviço de urgência “terá de encerrar e referenciar os doentes para os [outros] também sobrecarregados hospitais da região”.

Por outro lado, Conceição Margalha reconheceu que a equipa de cirurgiões do Serviço de Cirurgia do hospital de Beja é “envelhecida”, mas “tem respondido às necessidades da população” e, por isso, “não tem havido problemas” e, “até ao momento, não se colocou a questão” do encerramento da valência de cirurgia no serviço de urgência.

Ainda assim, a responsável não pode “garantir que no futuro seja igual”, pois “se os médicos [do Serviço de Cirurgia] com mais de 50 ou 55 anos se recusarem a fazer urgência, como a lei lhes permite, teremos esse problema”. Contudo, Conceição Margalha acrescenta: “mas, neste momento, não temos [esse problema]”.

De acordo com a presidente do conselho de administração da ULSBA, atualmente, a equipa do Serviço de Cirurgia do hospital de Beja é composta por 10 cirurgiões que fazem parte do quadro da ULSBA, sendo que seis têm mais de 55 anos e os restantes quatro menos de 50 anos, e por sete médicos internos da especialidade de cirurgia, dois dos quais já terminaram a formação de especialidade e deverão ficar a trabalhar no hospital.

Conceição Margalha disse ter “esperança” que, através dos dois próximos concursos de contratação, um a decorrer e outro a lançar em breve, “entrem novos profissionais que venham melhorar as condições de trabalho existentes”.

A responsável acrescenta ainda que a ULSBA tem feito “todos os esforços para contratar médicos, exemplo disso são os vários concursos que têm sido abertos para trazer pessoas novas para as equipas”, mas “sem sucesso”, e “muitos dos internos não ficam no hospital de Beja depois de terminarem a formação de especialidade”.

“A dificuldade em contratar médicos não é só da ULSBA, várias instituições de saúde do interior do país debatem-se com este grande problema e com a carência de recursos humanos e fazemos o nosso melhor para responder às populações e, realmente, é à custa da sobrecarga dos profissionais e da sua dedicação aos serviços”, realçou Conceição Margalha.

 

Fotografia de noticiasaominuto.com