13 Julho 2020      03:11

Está aqui

Será que nos dizem a verdade?

Por muito que queira dar asas à imaginação e tentar escrever sobre outros assuntos, eventualmente mais optimistas ou consensuais, é difícil escapar à questão da pandemia. Infelizmente, os dias passam e parece não haver uma luz ao fundo do túnel.

Esperamos sempre, ansiosamente, tal como acontece desde o início deste pesadelo, pelos dados da DGS, na expectativa de poderem ser confirmadas as nossas esperanças de que tudo acabe. As redes sociais são invadidas por comentários e fake news, que nos fazem desconfiar de tudo e de todos. Será que já cá chegou? Quem o trouxe? Tudo isto alimenta as polémicas e as suspeições.

Dizem-nos as fontes oficiais que a situação no nosso país está controlada, mas isso parece não confirmar-se na realidade. A diário, surgem novos focos de infeção, em diferentes lugares. No caso do Alentejo, aparecem nos boletins diários alguns concelhos com casos registados, que no dia seguinte acabam por sair da contabilização diária. Nem sempre as justificações para o efeito parecem ser plausíveis para o comum dos mortais, mas ainda assim, damos algum benefício da dúvida…

Mas podemos realmente estar descansados? Apesar das mensagens positivas que os responsáveis nos transmitem, penso que ainda é muito cedo para pensar que o pior já passou. O discurso das entidades com responsabilidade nesta matéria parece ser um pouco errático, com notícias que, passadas poucas horas, deixam de ter validade. Usar máscara, sim ou não? O distanciamento social é suficiente para ficarmos protegidos? Agora parece que o vírus já se transmite pelo ar…

Ficamos baralhados com as teses que diariamente nos são apresentadas. Podem dizer-nos que a doença é desconhecida, que pouco ou nada se sabe sobre a sua evolução, mas penso que antes de serem feitas determinadas recomendações, há que ter o cuidado de avaliar, tanto quanto possível, a sua validade. No meu entender, tudo isto origina algum desnorte e causa alarme social.

Penso que a maioria dos cidadãos tem a percepção clara de que tudo mudou, num curto espaço de tempo. Não houve lugar para experiências ou adaptações; o mundo, tal como o conhecíamos, alterou-se subitamente, da noite para dia.

Por isso, tem que haver responsabilidade nos comportamentos individuais. Se queremos que a economia não entre em colapso, temos que cumprir escrupulosamente as regras. Só isso vai permitir que consigamos superar este tremendo desafio. Isso parte de cada um de nós.  Como tenho defendido, um dia, mais tarde, será feito um balanço sobre tudo o que aconteceu neste fatídico ano de 2020. Muitas decisões que agora foram tomadas, quer a nível técnico, quer a nível político, serão julgadas no futuro.

Será que os governantes e líderes mundiais, focados em manterem a economia viva e tentarem minimizar os efeitos da crise que se avizinha, nos ocultam dados e informações, para não semearem o pânico? Serão os registos diários do COVID 19 verdadeiros, ou são lançados a conta-gotas para causarem menos impactos? Haverá motivos ocultos para nos induzirem em erro?

As dúvidas são legítimas, na minha perspectiva.

Parece-me claro que, no início, a OMS desvalorizou bastante o que estava a acontecer. E muitos governos desvalorizaram e desvalorizam a gravidade da situação. É necessário refletir sobre isto. Agora, há que tratar de travar esta ameaça, mas essa avaliação, um dia, terá que ser feita.