11 Outubro 2022      09:47

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Seca: agricultores do Baixo Alentejo em “desespero nunca vivido”

A Associação de Agricultores do Campo Branco (AACB), com sede em Castro Verde, pediu ao Governo “uma ajuda financeira, a fundo perdido com carácter urgente, para fazer face às dificuldades inesperadas” que os agricultores e produtores pecuários da região enfrentam.

Em comunicado, citado pelo Correio Alentejo, a AACB salienta que o setor enfrenta uma “situação de desespero nunca vivida”, necessitando de apoio “para que a atividade do mundo rural alentejano possa continuar a produzir”.

Segundo a mesma fonte, em plena época de sementeiras das culturas de cereais de outono/inverno, das forragens e pastagens, os agricultores e produtores pecuários “já começaram com as suas atividades, dada a necessidade urgente de se encontrar alimentação para os animais, pois todas as reservas estão esgotadas, e os preços de aquisição quando existem, são impraticáveis”.

Em paralelo, “a pouca precipitação registada no início do outono augura a continuação da seca severa”, deixando as explorações de sequeiro e da pecuária em extensivo “numa situação de desespero o que está a motivar a venda significativa de muitos rebanhos e de animais destinados à reprodução”.

De acordo com a associação, “esta é a maior crise registada no sector nos últimos 50 anos”, agravada pela guerra na Ucrânia, “que fez subir os custos dos fatores produção para preços impraticáveis e insuportáveis”.

A AACB lamenta igualmente que ainda não exista “conhecimento das regras e normas” que vão reger a nova PAC – Política Agrícola Comum, “que tem início em 2023” e que, “dado o momento que estamos a viver, já esta desatualizada e poderá não vir a servir os objetivos para que estava proposta”.

Também a Câmara Municipal de Castro Verde, em comunicado, se manifestou solidária para com estes agricultores. António José Brito, presidente da autarquia, disse estar disponível para ajudar a reforçar, junto do Ministério da Agricultura, a necessidade de agir com rapidez e “acudir” ao verdadeiro drama que está a sentir-se no Campo Branco onde, neste momento, está a ser vivida uma “situação de desespero sem memória”.

Para o município, esta seca exige “respostas concretas do Governo que contrariem os efeitos da seca, a escassez de alimentos para o gado e o expressivo aumento dos custos dos fatores de produção”, exigindo, ao mesmo tempo, que o Ministério da Agricultura informe sobre “as regras e normas” definidas para a “nova” Política Agrícola Comum (PAC).

“Face a este quadro dramático, a Câmara Municipal de Castro Verde endereçou ao Gabinete do Senhor Primeiro-Ministro, da Sra. Ministra da Agricultura e à Comissão Parlamentar de Agricultura a nota da sua posição de solidariedade com os agricultores e a exigência para que sejam tomadas medidas rápidas para acudir à grave situação existente”, pode ler-se no documento.