30 Janeiro 2017      15:19

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ÉVORA: UMA CONVERSA COM SALVADOR SOBRAL

Durante o tempo que viveu nos Estados Unidos e em Barcelona, onde estudou na prestigiada escola Taller de Musics, desenvolveu vários projetos musicais: compôs para si próprio mas ao mesmo tempo criou performances arrojadas à volta da figura de Chet Baker, bebeu da bossa-nova e trouxe às suas canções as doces sonoridades da américa latina. Falamos do talentoso Salvador Sobral, que atua a 25 de fevereiro no Teatro Garcia de Resende em Évora.

Excuse Me, o seu disco de estreia, é o resultado dessas viagens e das influências que o cantor recebeu das suas inspirações musicais de sempre, que partem do jazz para o mundo e que agora nos convida a escutar.

O disco tem a coprodução musical de Júlio Resende, que é também o pianista que acompanha Salvador nos espetáculos ao vivo, do talentoso compositor venezuelano Leonardo Aldrey e do próprio Salvador Sobral. Maioritariamente composto por temas originais da autoria de Salvador Sobral e Leo Aldrey, não faltam dois standards de jazz com que o músico assume a forte influência desta estética no seu percurso. Um dos temas originais é de Luísa Sobral, que o compôs para o irmão a quem ouvia cantar compulsivamente temas de Chet Baker: “I might just stay away” remete-nos para o universo do cantor e trompetista norte-americano.

Ao longo da narrativa do disco encontramos um bolero do pianista cubano Bola de Nieve que retrata uma paixão imensa de Salvador Sobral pelos dialetos hispânicos e em particular pela América Latina. Ainda pelo sul da América, mas agora em português, o cantor apresenta-nos um doce tema do baiano Dorival Caymmi, sobre quem Caetano Veloso referiu “que cada canção sua era uma jóia perfeita”.

Tribuna Alentejo: O Jazz parece influenciar fortemente a sua produção musical e marcou o início da sua carreira. Como lê a relação dos portugueses com o Jazz?

Salvador Sobral: Não se ouve muito jazz em Portugal como não se ouve no resto do mundo. Felizmente há sempre um nicho muito fiel a essa música que não a deixa morrer.

Tribuna Alentejo: Como o marcou a sua passagem pelos Estados Unidos e por Barcelona? Foram etapas normais de um percurso artístico ou contributos disruptivos para o músico?

Salvador Sobral: Foram anos de extrema aprendizagem tanto a nível musical como pessoal. Vivi muitas coisas que mais tarde serviram para compor canções. É muito importante viver no estrangeiro e sair da zona de conforto. Diria que foram etapas normais que me ajudaram a crescer em todos os sentidos. Só ajudou a enriquecer a música que chegou mais tarde.

Tribuna Alentejo: A Luísa Sobral, sua irmã, escreveu-lhe uma das músicas do seu disco de estreia. É expectável um dueto com ela nos seus concertos? É ainda segredo a sua composição para a semi-final do Festival da Canção?

Salvador Sobral: Ela já cantou em vários concertos meus e eu cantei em vários concertos dela também. Por agora não está agendado que ela venha cantar comigo mas acontecerá em breve com certeza. Quanto ao festival da canção não é segredo. A canção que ela compôs chama-se ³amar pelos dois" e é muito bonita.

Tribuna Alentejo: O que espera do público alentejano?

Salvador Sobral: Espero simplesmente que gostem da minha música e que lhes possa transmitir o máximo de sensações possível.  

Na última edição do EDP Cool Jazz, Salvador Sobral mostrou porque já deixou de ser ‘apenas’ uma promessa da música em Portugal, para ser definido como um cantor que “consegue transmitir uma sensibilidade musical e um magnetismo únicos em palco”. Dia 25 de fevereiro, no Teatro Garcia de Resende, em Évora.