29 Julho 2019      12:01

Está aqui

Ruas Floridas enchem Redondo de turistas e nós fomos perceber porquê

Uma chuva breve ia deitando tudo a perder em Redondo, no arranque das festas Ruas Floridas. Estavam 28 ruas enfeitadas com flores de papel, em quase 30 mil metros quadrados ocupados com as frágeis e coloridas decorações, quando cairam as primeiras gotas. Apesar de se temer perder tudo, semanas de trabalho comunitários, milhares de horas de planeamento e execução, apenas ficaram algumas marcas que são visíveis, mas que não afetaram a beleza daquelas festas populares.

Ao todo e até 4 de agosto, são esperados mais de meio milhão de visitantes, numa enchente que não parece afetar o sossego dos redondenses e mesmo dos visitantes, que apreciam rua acima, rua abaixo, cada um dos motivos escolhidos para cada segmento dentro da vila.

Começamos pelo estacionamento. Fomos em pleno domingo, antes de almoço, beneficiados pelo calor anormalmente ameno para a época, mas que ajuda a este tipo de aventuras. Chegámos e conseguimos lugar nos primeiros minutos e não muito longe do centro da festa. Surpreende mais o número de autocarros que descarrega à meia centena de visitantes de cada vez, que o número de carros arrumados nos inúmeros e até ver, suficientes lugares de estacionamento disponíveis. Ajuda Redondo ser feita de gente amável e que procura ajudar qualquer um que se sinta minimamente perdido nas imediações da vila.

Alguém nos explica que aquelas festas só acontecem de dois e dois anos e que exige "muito trabalho voluntário" de cerca de meio milhar de pessoas, que dão forma às toneladas de papel colorido, madeira, metal e outros materiais, que foram comprados pela autarquia, por qualquer coisa como 250 mil euros.

"Há gente a fazer flores e a trabalhar nas decorações desde outubro" explica-nos uma senhora simpática, de quem não retivemos o nome, enquanto nos vende duas magníficas flores de papel por um euro cada uma, "para ajudar a rua".

Em cada ano está melhor, ouvimos de um grupo animado que por nós passa, numa das ruas decoradas com motivos chineses. Apesar de morno, o sol pesa na cabeça, mas escolhemos as ruas com sombra para fugir dele. Fadas, personagens de banda desenhada, uma rua decorada com porcos, sobe-se e desce-se sempre com um cenário diferente e com cada vez mais detalhe, resultado da competição entre ruas para destacar a sua.

Ajudam também uns mapas a quem os colaboradores da festa chamam de "leques" e que distribuem pelos que circulam junto aos standes institucionais. A verdade é que os "leques" afugentam um pouco o calor, servem para cobrir a cabeça e revelam com detalhe de um mapa, as 28 ruas e os seus motivos decorativos, que são escolhidos pelos moradores, que dele fazem segredo até à publicitação do programa das festas.

E se julgam que a tradição é recente, uma das "donas" de uma das ruas explica-nos que decorar aquela vila já é um hábito "há pelo menos 150 anos". E vamos embalados pela música popular até ao centro onde o cheiro a carne assada e outros aromas gastronómicos concentram centenas de "romeiros" em mesas compridas cheias de comida e bebida, risadas e brincadeiras próprias das famílias quando se encontram.

Para nós, que ali aproveitamos para comer e beber, antes de nos metermos ao caminho para casa, fica explicado o crescente sucesso daquela festa. Até ao nosso retorno, porque passou a ser obrigatório voltar. E daqui por dois anos, se deus quiser, lá estaremos de novo, a lembrar que o mais importante da vida é saber saborear todos os momentos que ela nos proporciona. Obrigado Redondo.