10 Março 2017      17:26

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ROTA DO CONTRABANDO NÃO PODE RECEBER MAIS PARTICIPANTES

“Hoje é mais um dia. Neste 19 de março de 66 o sol ainda não nasceu, mas já é hora de meter a saca às costas – será que ainda aguenta os quarentas quilos de café? - e fazer-me ao trilho, há muita légua a percorrer e devo fazê-lo antes que a guarda fiscal e os carabineiros espanhóis comecem a bater terreno; às vezes limitam-se a disparar para o ar para a gente fugir, não nos querem apanhar, mas outras… outras nem por isso e não quero ser apanhado outra vez. Não escolhi esta vida, mas esta vida escolheu-me a mim: é o meu sustento e põe pão na mesa à família. Sou contrabandista na raia alentejana e os meus pés sabem de cor os trilhos entre Portugal e Espanha. Para mim, não há fronteira!”

Esta podia ser a história de um diário de um qualquer dos muitos contrabandistas que existiam na raia alentejana nas décadas de 60 e 70.

São as rotas e caminhos destes homens que, a 25 de março, serão percorridas entre Cedillo, na província espanhola de Cáceres e Montalvão, em Nisa, na Rota do Contrabando. Mas a organização teve que suspender as inscrições quando ultrapassou as 750 inscrições, um número recorde no percurso pedestre organizado pela associação de jovens de Nisa.

A iniciativa, que vai para a sua 17.ª edição, é feita numa extensão de 16 quilómetros e arranca às 09:00 em Cedilho. Desta vez inclui uma travessia de barco no Rio Sever e conta com 80 pessoas no apoio à organização.

Entre os participantes contam-se cerca de duas centenas de vizinhos espanhóis.