27 Fevereiro 2021      09:12

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Querem calar a imprensa

Há poucos dias atrás, dezenas de personalidades de esquerda assinaram uma carta aberta dirigida às televisões generalistas a pedir contenção na informação sobre a pandemia e a criticar o que consideram ser o excesso informativo, o tom agressivo usado nalgumas entrevistas e a "obsessão opinativa".

Não fosse uma carta escrita há tão poucos dias, poderia fazer lembrar os discursos bafientos dos regimes mais antidemocráticos que existiram ao longo da história.

A referida carta / manifesto foi assinada por várias personalidades da esquerda, tais como a escritora Alice Vieira, a professora universitária Ana Benavente (ex-secretária de Estado da Educação), o encenador Tiago Rodrigues, a diretora do Museu do Aljube, Rita Rato (ex-deputada do PCP), a jornalista Diana Andringa, e a médica Isabel do Carmo, entre outros, a carta aberta pede "uma informação que respeite princípios éticos, sobriedade e contenção".

Em determinada fase do texto referem que não aceitam o que apelidam de "tom agressivo, quase inquisitorial, usado em algumas entrevistas, condicionando o pensamento e a respostas dos entrevistados", nem o que classificam como "obsessão opinativa", que consideram ter o resultado oposto de uma "saudável preocupação pedagógica de informar".

Estas grandes ´´autoridades morais´´ querem ´´abafar`´ os graves problemas que vão ocorrendo no nosso Sistema de Saúde e no País. Querem esconder uma realidade que não se pode esconder.

Um verdadeiro tesourinho deprimente! Imaginem se um texto desta natureza, a limitar a opinião, a limitar o direito de imprensa, tivesse como origem personalidades do centro e da direita, certamente seriam apelidados de fascistas.

Os signatários reforçam no famigerado texto que, ´´mesmo sabendo a importância da informação sobre a pandemia, não aceitam o apontar incessante de culpados, os libelos acusatórios contra responsáveis do Governo e da DGS, as pseudonotícias (que só contribuem para lançar o pânico) sobre o 'caos' nos hospitais, a catástrofe, a rutura sempre anunciada, com a hipotética 'escolha entre quem vive e quem morre'".

Inacreditável!  Não ´´lembrava ao careca´´ tal tom inquisitório.

É esta mesma esquerda que promove manifestos e petições (também em Portugal) a exigir libertação do rapper espanhol Pablo Hasél.

Os factos pelos quais o rapper foi condenado remontam a 2014 e 2016, quando publicou uma canção no YouTube e dezenas de mensagens no Twitter, acusando as forças da ordem espanholas de tortura e de homicídios. Lembro que a Lei espanhola inibe este tipo de declarações, e pelo que sei, Espanha é um Estado soberano.

Os referidos signatários portugueses pretendem também que “o governo português adote, perante os atropelos dos direitos humanos que ocorrem no Estado espanhol, uma postura firme em defesa da liberdade, da democracia, da liberdade de expressão e pela libertação imediata de Pablo Hasél”.

Tudo isto é antagónico. Cá dentro (na república lusitana) pretendem limitar a liberdade de opinião, a liberdade de imprensa, com o falso argumento que não se pode criticar o SNS. Sobre o que se passa lá fora (neste caso no reino de Espanha), tudo se pode dizer e fazer.

Eu sou a favor da liberdade de expressão, pelo que quaisquer tentativas de a limitar sou, e sempre serei, ferozmente contra. E fazem-me muita confusão todos estes antagonismos.