15 Janeiro 2019      15:02

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Primeiro Portugal

Em todos os Estados onde se vive a prática democrática o papel da oposição é reconhecido pela sua importância. Em Portugal,  o papel que cabe à oposição é feito, em parte, pela imprensa, uma vez que se torna nas suas diversas formas, o meio mais difundido pela qual a população toma conhecimento do panorama politico e respetivos desvios de conduta, apesar do teimoso facciosismo de esquerda na mesma. Além da imprensa, assistimos também à própria oposição da “oposição”, que numa lógica de enfraquecimento das lideranças, agem sem respeito pela legitimidade dos órgãos democraticamente eleitos e pelo regular funcionamento das instituições.

Foi isso que aconteceu na passada semana, quando Luís Montenegro desafiou Rui Rio para eleições diretas no PSD, sensivelmente um ano após a eleição de Rio como Presidente do partido, onde venceu o único adversário que se apresentou a combate, Pedro Santana Lopes (cuja a oposição da “oposição” apoiou, diga-se de passagem).

Dizem que a oposição vive uma crise de identidade, padece de discurso e da falta de poder de mobilização junto da sociedade. Que essa crise abandonou bandeiras em nome da governabilidade. Surgem então, de entre denso nevoeiro, os salvadores tal Dom Sebastião, constituindo uma “oposição” que não vê a hora de voltar ao poder para fins pessoais ou eleitoralistas.

Mobilização? Relembro que o PSD ganhou mais de cinco mil novos militantes em 2018. Abandonou bandeiras? Rio tem atacado o Governo em relação à ausência de politicas públicas para apoiar o investimento privado, aquele que deve ser o verdadeiro motor da economia; tem defendido a redução de impostos e a aposta nas empresas como garante do futuro sustentável do país; tem pugnado por uma margem orçamental que garanta medidas pela natalidade; e, entre outras, esteve na linha da frente no que toca a propostas para o alojamento de estudantes no ensino superior, nomeadamente, através da criação de mais residências universitárias.

Ao contrário daquilo que António Costa nos tenta vender, dizendo que a situação é excelente, o consabido é que a contestação social através de greves ou protestos tem aumentado significativamente, desde os comboios, aos estivadores de Setúbal, professores, enfermeiros e policias, a lista poderia continuar. Sim, é possível o PSD ser uma alternativa a esta governação e vencer as eleições legislativas de outubro, com um programa responsável e estável, caso o permitam.

Talvez se tivéssemos todos numa oposição qualificada e determinada poderíamos viver outro cenário, mesmo que nem todos concordassem com a liderança atual a nível do PSD. Aquilo que presenciámos, infelizmente, reduz o debate para os verdadeiros visados da politica, os portugueses, e impede que questões estratégicas não sejam vistas com o devido respeito nas bases da sociedade.

Um país, um Estado ou uma cidade sem oposição, é um espaço propício para o surgimento da pior espécie de político. Mas um partido da oposição com “oposição” interna,  a escassos meses de importantes atos eleitorais num período visível de desgaste do atual executivo, evoca um político ainda pior: - o prepotente, egocêntrico e aquele que não vê além do seu umbigo.

A importância da oposição que tem sido construída não pode ser medida apenas nos momentos imediatamente anteriores aos períodos eleitorais. Em nome da construção de uma sociedade democrática precisamos de valorizar e respeitar a prática política feita pela oposição liderada por Rui Rio. Uma oposição política em nome dos portugueses, e não aquela feita por oportunistas, carreiristas e demagogos.

 

Imagem de capa de O Bar do Alcides e Correio da Manhã

 

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