José Daniel Sádio, presidente da Câmara Municipal de Estremoz, alertou durante o dia de ontem, 1 de dezembro, para as dificuldades que o município vai ter de enfrentar devido ao chumbo da proposta de orçamento municipal para o próximo ano pela oposição.
“O chumbo de um orçamento não é uma brincadeira. Os que andam na política, com mais ou menos experiência, têm de ter responsabilidade e a consciência do problema que colocam em cima, não só do executivo, mas de Estremoz”, disse o autarca do PS, citado pela agência Lusa.
A rejeição desta proposta de orçamento para 2023, com um valor de 20,9 milhões de euros, aconteceu na passada quarta-feira, dia 30 de novembro, em reunião de câmara, durante a qual foram registados os votos contra do Movimento Independente por Estremoz (MiETZ) e da coligação PSD/CDS-PP/PPM.
Desta forma, os três votos a favor dos eleitos pelo PS revelaram-se insuficientes para obter a aprovação da proposta de orçamento para o próximo ano, devido aos quatro votos contra dos três eleitos do MiETZ e da vereadora da coligação PSD/CDS-PP/PPM.
O presidente da Câmara considera que esta reprovação tem “impacto na governabilidade da Câmara”, sublinhando que as dificuldades vão começar a fazer-se sentir já no próximo mês de janeiro e que não é possível “governar uma câmara com duodécimos”, uma vez que isso impossibilitaria a implementação dos novos projetos inscritos na proposta de orçamento que não conseguiu obter aprovação.
A rejeição do orçamento municipal causou surpresa em José Daniel Sádio, que deixa críticas às forças da oposição, o MiETZ e a coligação PSD/CDS-PP/PPM, por considerar que estes deram origem a “uma coligação negativa”.
Para o presidente do município, “do lado do PSD/CDS-PP/PPM, a única lógica” para o sentido da sua votação prende-se com a “promoção política da vereadora” Sónia Ramos, que se encontra também como deputada na Assembleia da República, com o objetivo de, ainda segundo o autarca, “à boleia da contestação nacional, ser protagonista em Estremoz”.
Já o MiETZ é acusado pelo autarca de ter deixado “o concelho com graves problemas” durante o período em que este movimento governou o município e de pretender “parar já” o trabalho de gestão do PS, que “está a correr muito bem”, defende.
Levantada a possibilidade de levar a cabo negociações com a oposição, José Daniel Sádio afirma que vai “refletir e ponderar”, admitindo “todos os cenários”.
Em declarações à agência Lusa, José Carlos Salema, vereador do MiETZ, revela que o voto contra deste movimento ficou a dever-se ao facto de a gestão PS “não ter uma visão estratégica, clara e definida para o desenvolvimento do concelho”.
“Não resolve os problemas estruturais do nosso concelho, nem estimula a fixação de empresas e de pessoas e a criação de postos de trabalho”, considera ainda este vereador, que foi o cabeça-de-lista do MiETZ nas autárquicas de 2021.
A agência Lusa falou também com a vereadora eleita pela coligação PSD/CDS-PP/PPM, Sónia Ramos, que afirmou que o orçamento apresentado “limitava-se a gerir alguns projetos existentes”, defendendo que não havia neste documento uma visão estratégica para Estremoz.
A vereadora Sónia Ramos admitiu ainda que algumas das suas propostas foram também tidas em conta neste orçamento, mas explicou que não haveria verba para as respetivas rubricas ou que a verba não seria suficiente para proceder à sua implementação no próximo ano.
Fotografia de swportugal.pt