13 Abril 2016      19:03

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PRAXIS CLUB DE ÉVORA TEM MUITA HISTÓRIA MAS SÓ PENSA NO FUTURO

Um dos locais de culto da diversão noturna eborense fez há uns dias 13 anos. Mas o mesmo local já teve antes disso outras "casas" que da mesma maneira que hoje, fizeram furor na década de 90 e na de 2000. Falamos da Praxis Club, há 13 anos a animar muita gente, de diferentes gerações. Fomos conversar com Daniel Monginho, Rui Cancela e Tiago Camelo (Dj Moreno).

Tribuna Alentejo: Como foi comemorar o 13.º aniversário?

Daniel Monginho: Como todos os outros dias: com alegria (risos). No entanto, por se tratar duma data especial, preparámos algumas coisas "diferentes" para os nossos clientes. Na Sexta-feira tivemos um concerto de música ao vivo com duas bandas sendo uma delas “Sequin”, uma banda em clara ascenção com presença marcada em vários Festivais de Verão. Tivemos também na Pista 2 após o duplo concerto um colectivo de 4 DJs, e mantivemos a Pista 1 no seu formato habitual. Ou seja, na Sexta-feira vocacionámo-nos mais para o nosso público alternativo com estas duas boas surpresas e com garantia de qualidade a que Évora não está acostumada.

No Sábado trabalhámos na Pista 2 com dois DJs bem conhecidos, DJ Double Z e Audiodeep, mas centrámo-nos mais na Pista 1 onde tivemos “welcome drink” que foi apoiado por um dos nosso parceiros, Bacardi, e tivemos num dos nossos bares um “master bartender”. Como convidado especial para a nossa cabine DJ Huguinho, dj das festas iLove 80’s e das festas do Teatro da Comuna em Lisboa.

E tivemos ofertas e promoções porque os nossos clientes estão primeiro e a festa antes de ser nossa é deles e para eles.
 

Tribuna Alentejo: Esta é uma equipa nova à frente de uma casa icónica da cidade. Como têm sido a experiência?

Rui Cancela: Temos tido uma experiência muito gratificante a nível pessoal mas ao mesmo tempo de grande responsabilidade pois têm exigido muito de nós todas as pequenas coisas que temos alterado. Havia uma ideia muito cimentada do que era a Praxis Club e agora só com algum tempo tudo ficará à nossa maneira. Por outro lado temos sentido um feedback muito bom por parte dos nossos clientes e isso dá-nos muito ânimo para seguir no caminho que nós definimos para o nosso projecto apesar das dificuldades com que nos temos deparado.

 

Tribuna Alentejo: E o que está planeado para o futuro?

Tiago Camelo: Queremos continuar a trabalhar para que os nossos clientes continuem a frequentar o nosso espaço como a sua primeira escolha e não como única escolha.
Além disso quisemos implementar já desde inicio vários conceitos de eventos para atingir os mais variados tipos de público, sendo que alguns já começam a ser falados, mais tarde, tal como todos nós achamos que a nossa cidade merece, também melhorar os vários espaços dentro da Praxis Club.

É verdade que a reabertura frequente da Pista 2, totalmente renovada, bem como o seu funcionamento alternativo de quinta feira a sábado já nos aproxima do nosso conceito de Discoteca. Mais do que uma Pista de dança, alternativa de ambientes quer musicais quer "de estar".

Continuar a realização de concertos ao vivo, como fazem as grandes discotecas nacionais e internacionais.

Em breve, vamos renovar as duas esplanadas da Praxis, dessa forma podendo ampliar toda a diversidade de oferta que nos exigimos a nós mesmos para realizar um trabalho que nos dignifique e que contribua qualitativamente para sermos uma escolha dos nossos clientes. Não queremos que as pessoas venham à discoteca por esta ser a única da cidade (ainda que outras trabalhem de forma semi-disfarçada como tal). Queremos que as pessoas venham por isso representar uma escolha delas. Sermos a única discoteca não pode ser um motivo de nos desleixarmos no nosso trabalho mas sim uma responsabilização para oferecermos melhor a todo o público.
 

 

Tribuna Alentejo: Gerir uma estrutura como a vossa apresentará grandes desafios. 

Daniel Monginho: Apesar das nossas ideias e dinâmicas, deparamo-nos com uma altura de incerteza financeira que juntamente com alguns atrasos de legislação, faz com que neste momento cada um “faça o que quer” na noite da nossa cidade, pois tarda em sair o regulamente de funcionamento dos bares, e isto, juntamente com a dificuldade que há em fiscalizar os espaços abertos, permite que sejamos algo de concorrência totalmente desleal.

Mesmo assim, sentindo-nos lesados, continuamos a cumprir todas as nossas obrigações e continuamos sempre a tentar trazer mais eventos atractivos para os nosso clientes. Mas repetimos aqui o ponto fulcral: a Praxis cumpre todas as obrigações legais a que uma discoteca é exigido. Com licenciamento muito superior ao dos bares e toda a carga legal muito mais pesada. Outros há, que devido a esta ausência legal, se aproveitam dessas lacunas. Este o desafio mais complicado com que temos lidado pois trata-se claramente de uma forma injusta de concorrência. Todavia, seguiremos o nosso rumo, e todos os esforços faremos para nos mantermos como a empresa da noite que mais funcionários emprega e que melhor diversidade nocturna oferece dia após dia, o que todos terão de reconhecer que é extremamente complicado devido às dificuldades financeiras que todos atravessamos.

 

Tribuna Alentejo: A Praxis Club tem sabido ao longo destes anos reinventar-se. Onde vão fazer a diferença?

Rui Cancela: Pensamos que o facto de estarmos a entrar de “fresco”, nos pode trazer mais ambição para tentar ultrapassar os desafios que nos vão aparecendo e também aliado aos conhecimentos dos 3 sócios nas várias vertentes do movimento cultural, de entretenimento e de lazer de Évora. Pensamos que esta poderá ser a “chave” para que se reduzam as possibilidades de cometer alguns erros.
 

 

Tribuna Alentejo: Évora é uma cidade universitária. Os universitários serão provavelmente um dos vossos públicos mais fortes. Como é esse relacionamento?

Tiago Camelo: O relacionamento da Praxis com os universitários penso que se pode dizer que está muito bom e que se recomenda. A Praxis sempre esteve muito ligada à universidade mas neste momento ainda mais, pois voltaram as festas dos cursos e muitas das dinâmicas da Associação Académica da Universidade de Évora e do BARUE, são feitas em parceria connosco.
 

 

Tribuna Alentejo: Depois há o peso de se ser a única discoteca em Évora. A Praxis Club tem um papel na componente turística na cidade?

Daniel Monginho: Pode parecer fácil a integração da Praxis no turismo na nossa cidade mas penso que não é tão simples assim. O turismo que passa por cá é mais de visita de monumentos do que de diversão nocturna. Isto não nos faz desistir, temos ideias para que se possa atingir esse target mas sabemos que não é a Praxis que os faz vir à nossa cidade.

Mas repetimos o que dissémos antes: ser a única discoteca da cidade (embora haja casos que devam ser denunciados pois trabalham como discotecas camufladas) não nos deixa mais descansados, mas, pelo contrário, assumimos a nossa quota parte de responsabilidade para melhorar ao máximo o funcionamento da nossa cidade. Chegar aos turistas, tanto à satisfação deles como à melhoria económica que eles trazem a Évora, é uma meta que temos perfeitamente delineada.
 

Tribuna Alentejo: Mas estamos no interior. É vantagem ou desvantagem?

Rui Cancela: A única vantagem é o pouco trânsito. O interior continua a trazer muitas mais dificuldades a todos os níveis (artistas que podem contratar, destino de um público nocturno, etc.) que facilidades.

Como desvantagem, penso que a maior será mesmo estarmos longe dos grandes centros e isso trazer-nos muitas dificuldades em mobilizar o número de clientes suficientes para trazer eventos de maior envergadura. No entanto, mesmo com todas as limitações, estamos muito satisfeitos por conseguir abrir na maior parte do ano, de Terça-feira a Sábado.