4 Fevereiro 2022      10:21

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Portugal é “peça chave na estratégia europeia de dados”

Um estudo da Deloitte identifica a posição de Portugal como sendo “uma peça chave na estratégia europeia de dados porque reúne um conjunto de condições únicas para ligar a Europa a mercados como a América do Norte, América do Sul, África e Médio Oriente/Ásia”.

De acordo com o portal Sapo Tek, o país é considerado uma “joia escondida da conectividade na Europa” pela posição geográfica, face a várias regiões do globo, e por ter condições únicas para atrair os maiores players tecnológicos, à procura de expandir ofertas que dependem de largura de banda e tráfego de grandes volumes de dados.

Portugal é citado como um dos poucos países do mundo com ligações de dados diretas aos cinco continentes e que se prepara para acolher importantes projetos de uma nova geração de cabos submarinos, financiados por empresas como a Google ou o Facebook, que vão garantir 880 TBPS de capacidade adicional, com baixa latência e ligações com os principais hubs globais.

Por exemplo, o cabo financiado pela Google (que é da Equiano) vai ter 12 pares de fibra e uma capacidade de design de 20 TBPS, que vão ligar Portugal à África do Sul para melhorar a conectividade digital entre a Europa e os países da África Ocidental. Deve entrar em operação ainda este ano.

Já o 2Africa, da Meta (Facebook), estará pronto em 2023 e tem uma capacidade projetada de até 180 Tbps e 16 pares de fibra, que vão ligar o continente africano, Ásia e Europa, via Portugal.

Recorde-se que Portugal integra ainda a rede mundial de cabos submarinos desde 1870 (primeira ligação ligou Portugal e Reino Unido). Nos anos seguintes, e pela mão da Marconi, posicionou-se como porta de entrada para toda a Europa, beneficiando da proximidade com África, América do Norte e América do Sul. A ligação ao Médio Oriente e Ásia, como explica o estudo, também é facilitada pelo acesso marítimo à Bacia do Mediterrâneo.

Também nas ligações a África, com amarração em Portugal, registou-se um crescimento da largura de banda da Internet entre Lisboa e aquela região do globo de 46% desde 2016. Portanto, estas e futuras ligações a África são vistas como as mais promissoras, devido ao potencial de crescimento.

Uma das infraestruturas mais recentes, já de uma nova geração de cabos submarinos, é da Ellalink, que começou a funcionar em julho do ano passado e conta com uma capacidade de 100 TBPS. Sete pares de fibra estão ancorados em Sines, quatro dos quais para ligar América do Sul à Europa. Em desenvolvimento está ainda o Medusa (da AFR-IX), com 24 pares de fibra e uma capacidade de 480 TBPS.

Segundo a análise da Deloitte, “a grande conectividade submarina, combinada com uma rede de conectividade terrestre de alta capilaridade e redundância, permite, por exemplo, aos ‘Green Giants’ — grandes Hyperscaler Data Centre 100% Sustentáveis — aproveitar terrenos abundantes e competitivos e proximidade de energia renovável, garantindo sempre uma ótima conectividade aos principais hubs europeus”.

Adicionalmente, Portugal é ainda apontado como um dos que garante maior cobertura de fibra ótica na Europa, por ter 83 em cada 100 lares e estabelecimentos cobertos pela tecnologia no final de 2020 e previsões para levar a fibra a 100% da população até 2025.

O estudo sublinha também os esforços das autoridades para simplificar o processo de autorização para projetos nesta área, nomeadamente o facto de em Portugal haver uma única entidade responsável pelo licenciamento de cabos submarinos, algo que ainda não acontece em vários países da Europa.

Neste sentido, a Deloitte defende que Portugal está em condições de ser um dos maiores beneficiários dos esforços europeus para reduzir a dependência de dados de outros grandes hubs nos EUA e na Ásia, um plano suportado pela iniciativa Connecting Europe Facility, que conta com um financiamento de mil milhões de euros.

Para a consultora, os países que mais vão tirar partido da nova visão europeia para a conectividade serão aqueles que tiverem melhores condições para servir de base a ligações globais por cabos submarinos e para garantir boa conectividade terrestre para o resto da Europa. Portugal soma os dois critérios.

O estudo da Deloitte foi encomendado e apresentado pela Start Campus, no final de janeiro, no Pacific Telecommunications Council, no Havai, que reuniu os principais players do setor. Lembre-se que a Start Campus é a promotora do megacentro de dados projetado para Sines, que vai envolver um investimento total de 3,5 mil milhões de euros e criar 1 200 postos de trabalho diretos e até 8 000 indiretos.

 

Fotografia de exame.com