Desde as mais antigas civilizações, a necessidade de regulação da actividade humana impulsionou a medição e ordenação do tempo.
Os ciclos da Lua foram a primeira forma de contar o tempo, contudo este método revelava-se pouco preciso pois a Lua demora cerca de 28 dias a dar a volta à Terra o que, ao fim de 12 ciclos, resultava num ano de apenas 354 dias. Como a Terra demora 365 dias, 5 horas, 48 minutos e 45,2 segundos (365,24219 dias) a dar a volta ao Sol (ano solar ou ano trópico), o ano do calendário lunar tinha cerca de 11 dias e 6 horas menos que o ano solar. Sendo curto demais, com o passar dos anos começou a verificar-se um grande desfasamento entre os indicadores na natureza e as datas fixadas para o início das estações do ano. Num período de 10 anos o desfasamento era de mais de 3 meses.
A civilização egípcia baseou a contagem de tempo na observação do Sol e da posição da estrela Sírius, estabelecendo um ano cuja duração se aproximava mais do ciclo das verdadeiras estações do ano. O ano egípcio durava 365 dias, distribuídos por 12 meses de 30 dias e 5 dias adicionais no final do ano para comemorar o aniversário dos deuses Osíris, Horus, Ísis, Neftis e Set. Apesar de ser mais exacto que o calendário lunar, o calendário egípcio não era ainda suficientemente rigoroso pois a diferença entre os seus 365 dias e a duração do ano solar provocava um atraso de um dia a cada 4 anos.
A civilização Romana usava inicialmente um ano de 304 dias que, após várias reformulações, passou a ter 354 dias. Quando Júlio César assume o poder em Roma (ano 58 a.C.) a diferença entre estes 354 dias e o ano solar tinha originado já um desfasamento, do calendário com as estações, de 67 dias. Por ordem de Júlio César, o astrónomo Sosígenes, da escola de Alexandria (Egipto) estuda uma solução para este problema.
Como forma de corrigir as deficiências do calendário usado até então, O imperador Júlio César instituiu o calendário Juliano, que tem em consideração as sugestões propostas por Sosígenes, com base no avanço de 1 dia em cada 4 anos, determinado pelos astrónomos egípcios. As correcções propostas foram:
Apesar de este valor ser muito próximo da duração do ano solar (365,24219 dias), esta pequena diferença leva à acumulação de 1 dia, em cada período de 128 anos, o que após vários séculos provoca desfasamentos consideráveis.
No século XVI, o equinócio da Primavera ocorria a 11 de Março. Para corrigir o erro, o Papa Gregório XIII encarregou uma comissão, constituída pelos melhores astrónomos e matemáticos da época, de estudar o problema. A resposta ao problema, decretada na Bula Inter Gravissimas, de 24 de Fevereiro de 1582, indicava que, para o necessário ajuste no calendário, o dia imediato a 4 de Outubro fosse dia 15 de Outubro (corrigindo os dias necessários para repor o Equinócio a 21 de Março) e que em cada ciclo de 4 séculos serão retirados 3 dias, estipulando que passam a não ser bissextos os 3 primeiros anos centenários. Desde então seguimos o calendário gregoriano (assim designado em homenagem ao papa Gregório XIII), cujas regras são:
Alguns exemplos:
A regra que consiste em suprimir três anos bissextos a cada quatro séculos, eliminando o atraso de três dias a cada 400 anos que ocorria no calendário juliano, origina um ano médio do calendário gregoriano de 365 dias 5 horas 49 minutos e 12 segundos, contudo, este valor é superior, em 27 segundos, à duração de um ano solar, pelo que se verificará uma acumulação de 1 dia em cada 3000 anos…
Nota: Um número é múltiplo de 4 se a divisão desse número por 4 tiver resto igual a zero.
Imagem de capa daqui.