12 Setembro 2016      09:03

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PONTAPÉ DE SAÍDA DO FUTEBOL ALENTEJANO

O Campeonato de Portugal Prio é uma competição que prima pelo empenho dos jogadores e equipas técnicas, dentro e fora de campo.

Com o objetivo de desenvolver o futebol não profissional em Portugal, contribui para o justo reconhecimento do fair-play futebolístico alentejano. 

O Alentejo está representado por 7 equipas: o Grupo Desportivo o Coruchense, o Eléctrico Futebol Clube de Ponte de Sôr, o Futebol Clube do Crato (FCC), o Juventude Sport Clube de Évora (JSC), o Atlético Sport Clube de Reguengos de Monsaraz, o Moura Atlético Clube (MAC) e o Futebol Clube Castrense.

Assistir a um treino destas equipas é como ir a um jogo. Jogadores e equipas técnicas trabalham diariamente para um objetivo comum: chegar o mais longe possível. “Qualquer clube gostaria de estar neste campeonato”. É assim que Luís Jacob, presidente do MAC, se refere à sua importância.

O Campeonato de Portugal Prio, anteriormente denominado de Campeonato Nacional de Seniores, sofreu uma reforma em outubro de 2015. Nasceu de um acordo entre a Federação Portuguesa de Futebol, a Cofina e a Prio. Com estas parcerias, passou a ter a transmissão de 20 jogos, ao longo das diferentes fases, na CMTV. Aumenta assim a sua visibilidade e chega mais perto do grande público, nem sempre disponível para ir aos estádios.

Inúmeras vezes esquecido pelos media, o futebol alentejano vê a sua oportunidade para ser reconhecido. Na perspectiva de Pedro Amendoeira, capitão da equipa de seniores do JSC, “o Alentejo deve lutar para ter o máximo de equipas nestas competições, pois faltam equipas alentejanas nas principais ligas em Portugal. Acredito que num futuro próximo os clubes do Alentejo vão ter reconhecimento e vão chegar ao topo”. Não é só este jogador que tem esta ideia relativamente ao aumento de visibilidade que a CMTV confere ao campeonato. Como diz Tiago Raposo, treinador do MAC, “Longe de tudo também se conseguem fazer boas coisas”.

Assimetrias de oportunidades

Jogadores, treinadores e presidentes veem este campeonato como uma mais valia para os clubes e para as regiões onde estão inseridos. Para Luís Jacob e António Sousa, presidentes do MAC e do JSC, respetivamente, o que falta são apoios financeiros. Segundo António Sousa “cada vez se nota mais uma assimetria de oportunidades e de apoios entre os clubes que estão junto aos grandes e os clubes que estão no interior”. Luís Jacob reforça esta opinião ao afirmar que “podia haver mais qualquer coisa. E agora nota-se sobretudo o investimento. Porque o investimento traz um bocadinho de qualidade e às vezes a qualidade faz a diferença.”

Contrariamente, Luís Romão, capitão da equipa sénior do FCC, afirma que “o facto de jogarmos com estes clubes traz ao estádio adeptos, reconhecimento, promoção e até financiamento”. Enquanto no Moura, segundo o seu presidente Luís Jacob, sempre que há jogos no estádio do MAC o evento é maior e atrai mais adeptos, não importa com que equipa joguem, o presidente do clube eborense afirma exatamente o contrário: “não há um único jogo que dê lucro”. No entanto, são unânimes ao declarar que a falta de apoios financeiros é um entrave à expansão do clube. Luís Jacob remata dizendo que “em termos de futebol só jogam 11 e aí são todos muito parecidos. Dentro de campo não se notam diferenças.”

Pontapé de saída para outros campeonatos

Ainda que escondidas no Alentejo, as equipas não baixam os braços. Deste campeonato, e até do Alentejo, já saíram jogadores e treinadores que se apresentam agora na I e II Liga, como é o caso de Mauro Cerqueira, de Jorginho e de João Barbosa. O treinador mourense Tiago Raposo está feliz no MAC, no entanto, “para a minha carreira e para o meu pensamento pessoal quero chegar muito mais à frente. E assim que chegar a oportunidade, não vou hesitar em agarrar.”

Jorge Vicente, treinador do JSC diz que “já não me tira o sono esse objetivo” e que trabalha com tranquilidade, esperando que “um dia alguém se lembre de me dar uma oportunidade de trabalho” num nível superior. “As pessoas quando nos visitam e nos encontram aqui veem as condições que o clube tem e veem que há qualidade aqui embora seja mais difícil a visibilidade. Há aqui jovens com muita qualidade e cada vez mais se vê clubes profissionais a apostar nestes campeonatos”, é esta a opinião de Bruno Gomes, capitão da equipa sénior do MAC.

Miguel Pinéu, jogador na mesma equipa, constata ainda que “é um erro no nosso país olharmos mais para as zonas com mais população.” O foco está em chegar mais longe, não só no campeonato como na vida profissional. Como cita Pedro Amendoeira diversas vezes “o sonho comanda a vida e enquanto o sonho estiver vivo tudo é possível!”

Um campeonato que pelas palavras de Sérgio Teles “é uma chance de Portugal conhecer um pouco mais do futebol do Alentejo e é uma rampa de lançamento para chegar lá acima.” No entanto para David Nunes, capitão da equipa sénior do EFC, jogar neste campeonato “passou de sonho a objetivo” e espera que “um dia como treinador viva o sonho” de chegar mais longe. Miguel Pinéu, Sérgio Teles e Pedro Amendoeira anseiam por vingarem enquanto jogadores profissionais. “Pus um objetivo a mim mesmo: tenho 20 anos e até aos 21 tenho que ser profissional” aponta Miguel, já Sérgio saiu do Brasil à procura dessa possibilidade e “conseguir jogar neste campeonato é uma subida de degrau nesta escada”. Finalmente Pedro termina dizendo “o sonho de me tornar jogador profissional está vivo e continuarei a lutar para conseguir esse meu objetivo”.

Imagem de capa daqui.