27 Janeiro 2018      13:55

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PLANOS

Não faças planos. Não te maces a marcar coisas que certamente terão um final inusitado e não serão consequentes no seu final. Não faças planos. Não almejes alcançar o que não é para ti. Não tentes esticar a perna além do lençol nem compres um par de calças que te fiquem à meia canela, só porque a tua ideia desmedida te leva a impulsos que não consegues controlar. Não faças planos.

Faz como eu, resume-te ao essencial, deixando que as coisas que possam estar ao alcance, mas são demasiado complexas à primeira vista, passem a estar no reino da utopia ou da distopia e não apareçam no teu calendário dos objetivos a cumprir. Faz como eu, elabora uma lista de coisas a atingir até ao fim do dia, os teus objetivos para a semana e aquilo que no mês pretendes alcançar e mesmo no ano, a 10 anos e na vida toda. São planos, planificar, fazer um esquema, uma lista de coisas. Faz como eu e organiza os pensamentos para depois concluíres que não deves fazer planos e, entre dois cenários, rasgares a lista ou ignorá-la por completo.

Imita aquilo que faço e segue os meus conselhos passo a passo. Faz como te digo. Não faças um plano. Não fujas para as Caraíbas, como tinhas ideias de fazer. Não corras para o aeroporto, depois de teres marcado as viagens todas e teres feito todos os vistos. Mesmo que passes a fronteira, não faças planos. Não vale a pena pensar muito na planificação.

Imagina-te como um professor que planificou escrupulosamente a sua aula e, na aplicação prática da mesma, surge uma pergunta e o rumo altera-se e o plano já não poderá ser cumprido. Cabe-lhe a ele, professor, reinventar o plano e deixar de estar preso à ideia inicial que estava prevista na sua previsão do plano. Os minutos e os segundos estavam contados e o professor queria cumprir. Tinha um plano. Não faças um rigoroso. Não vale a pena, reinventa o teu plano a cada momento.

Ouve o que te digo. Não deixes que as listas e as palavras sejam grades que te aprisionam disfarçadas de planos. Alimenta-te dessas palavras como se fossem letrinhas de chocolate e folhas de algodão doce. Lembra-te que os planos foram feitos para não serem cumpridos. Segue os passos dos conselhos que te dou. Como se fosse eu a planear as coisas em controlo remoto.

Planos. São como o nome indica, sem relevo, sem turbulência no terreno. São simplesmente planícies onde não há interrupção da monotonia, onde tudo está previsto e algo que ocorra não planeado, não estará no plano pleno e não será contado. Planear. Tornar árido e irrelevante a surpresa das coisas. Linear. Fazer linhas de coisas que quero fazer, ideias que quero ter e sítios onde quero estar.

Nada mais poderei acrescentar aos conselhos que te dou. São gratuitos. Não precisas fazer um Plano Poupança Reforma para as alcançar, nem precisas criar um plano de pagamento a médio ou longo prazo. Concentra-te no curto prazo. Os planos que nele fizeres, poderão resultar melhor, como bem funcionará a tua vida se não planeares coisas que não podes controlar.

Não faças planos. Ser certinho é bom quando as gravatas e os colarinhos não ficam apertados no pescoço. Ser certinho é bom quando estás certo que aquilo funcionará de certeza. Mas que sejam sem planos. Não faças. Nada. Até à certeza, não construas nada. Que tudo aconteça ao sabor do vento, assim como se fosse o caos e o reino do abismo. Isso é não planear, não contar com coisas que não fazem o teu estilo.

E pronto, desenvolve uma ideia que não seja muito complexa. Não te imagines nessa viagem às Caraíbas, caso contrário já estarás a planear. Não penses gastar uma determinada quantia de dinheiro este mês, porque vais gastar mais ou menos do que essa. Dir-te-ia, ironicamente, que há imprevistos não planeados, um pneu furado, a conta que não estavas à espera… ou até as Finanças. O mais correto, se te posso dizer, é não planear gastos. Agora, não gastes demasiado.

Segue os meus conselhos, como uma lista. Não muito objetiva, assim meio assado. E verás que, sem planear as coisas, elas batem certo. É, digamos, um jeito quase genético, nosso. Também, continua a dizer-me as tuas ideias. Mesmo que não te apeteça, partilha-as comigo. Talvez façam sentido, sem termos pensado ter esta conversa. Seria um plano e não queremos.

Agora, esquece tudo o que escrevi. Obrigado.    

 

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