Pode acontecer a qualquer pessoa. Seja quem for que viaje de transportes está sujeito a chegar um bocadinho atrasado e perder esse transporte. Quem nunca perdeu um autocarro, o comboio, até mesmo o metro por meros segundos. Diz o povo e com razão que eles não esperam. Há horários e esses têm de ser cumpridos. Não se vai hipotecar a primavera por causa de uma andorinha.
Pois bem, o mesmo pode acontecer com os aviões. Sendo pássaros maiores, voam normalmente à hora marcada quer o passageiro esteja na porta de embarque, quer não esteja.
E quando não está, perde o avião. Expressão curiosa pois não é fácil perder um transporte tão grande. Por outro lado, é muito fácil não chegar a tempo.
Aconteceu por estes dias a um amigo meu que, todo contente, ia viajar de manhã cedinho. É pela fresca que se viaja melhor. E quando os voos são diretos e em classe executiva, ainda melhor, mesmo que essa classe executiva tenha sido adquirida com milhas.
Esse meu amigo, todo contente, pôs o alarme para as 5 da manhã, plano infalível para chegar ao aeroporto, caminhar pela faixa prioritária e sentar-se comodamente na porta de embarque para passar o golfo da Biscaia a tempo e horas.
Impensável seria que algo falhasse no plano tão bem arquitetado. Pois bem, contou-me o meu amigo que o despertador não tocou, ou se tocou, não se ouviu no universo paralelo do sono onde ele estava e acordou, em vez das 5, às 6:50. Contou-me ele que, por essa altura, já o avião estaria cheio e quase a partir, sem esperar por ele, claro está.
Bem desperto por essa altura, há que arranjar soluções. Desenrascado como é, lá cancelou a viagem e arranjou outra, mesmo que isso tenha implicado um pequeno desvio por Madrid e o triplo das horas de viagem.
Disse-me o meu amigo que, em vez de um alarme, no futuro, em duas de viagem vai por cinco, uma banda sonora e pedir a 20 amigos que lhe telefonem, para evitar que o pássaro grande abale sem ele.