29 Dezembro 2019      12:33

Está aqui

Para ti

Estou ciente que escrevo imenso sobre ti.

Podes até estar longe, mas estás imortalizado na minha escrita.

Outra carta em vão, que não lerás.

 

Passaram-se meses, mas ainda estou gravemente presa a ti. Vinculada a ti. Odeio-me por isso e espero que saibas. Não tenho coragem de mandar o diabo que berra repetitivamente o teu nome embora. Cada batida que o meu coração dá, é um passo que desejava dar para ir ao teu encontro.

Estás tão longe.

Mas tão perto.

Zango-me agressivamente com a parte de mim que suplica por ti. Tento rasgá-la. Juro que o faço. Mas, (in)felizmente, ainda pertences a mim.

Sussurro-te secretamente um bom ano. Mereces. Apesar de tudo, mereces. Ao contrário de ti, não me arrependo deste ano que passou. Agradeço antes por ele ter existido. Por tu teres existido. Transformaste-me. Uma parte triste e negra, numa parte bonita, cor de rosa. E uau. Por outras palavras, salvaste-me da queda que me esperava. Penso que saibas isso melhor que eu. Certo?

Era o teu sorriso que me dava a luz que precisava todas as manhãs cinzentas. De repente, fiquei sem iluminação. E eu, para além de ter medo do escuro, não me consigo guiar.

Estou completamente perdida.

Perdida neste mundo grande e cruel.

Eras a minha promessa. A promessa mais apaixonada que saía entre os meus lábios. Não nego que sinto falta disso. Tinhas (ainda tens) o meu coração guardado em ti. O meu nome estava selado na tua boca. A tua voz? Era aquilo que me mantinha em pé. O teu cheiro ainda queima a minha blusa. Sim, a blusa que tu adoravas. Ainda a visto.

Na verdade, penso que inventei um sentimento especial para ti. Nunca pensei ser tão criativa a esse ponto. Será que és apenas fruto da minha imaginação? Será que se eu abrir os olhos as memórias desaparecem? Quem me dera.

Entreguei-te a minha alma. Entreguei-me a ti por completo. Tinhas-me na palma da mão e não sabias. Ou sabias? Continuo a ter inúmeras perguntas para ti.

Voltaria ao primeiro dia sem pensar duas vezes, sabes? Para sentir todas as famosas “borboletas” inquietas que persistiam em participar numa guerra com a minha mente. Contudo, espero que tenhas feito a escolha certa.

 

Agora foste.

E continuo aqui, desemparada.

 

Deixaste-me a arder. Toda eu queimo. Porquê?

Estou cansada de ficar a madrugada a pintar-te na minha mente.

Prometo parar de te escrever.

Preciso de me curar; e perceber que te perdi de vez.

 

Por Rita Medinas, natural de Reguengos de Monsaraz, com dezoito anos e estudante do Curso de Português na Universidade de Coimbra.