PARA ALÉM DO TEJO
Por Ricardo Jorge Claudino
(entre a batalha de Ourique e a chegada a Calecute)
A sul do Tejo
fica a terra que a norte
se via muito para além
do tempo.
.
A jovem nação,
refém entre vales e serras,
por fim avista a luz do horizonte:
— lonjura de um sonho infinito!
.
Imenso latifúndio sem relevos
recompensa para lá do rio;
marcham os portucalenses
por estradas de fastio.
.
Parecem lírios caminhantes,
faces firmes escondem a roxa fraqueza;
cavaleiros a galope re-conquistam o ar
que agora brando se faz respirar.
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Por tamanha sorte,
pela expansão do território a sul,
surge a lição derradeira:
— que pelo mar se inicie a descoberta
de uma vida inteira!
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Caravelas extravagantes em curiosidade,
herança viva do Alentejo;
fosse o rio o mar e Ourique Calecute
e haveria mais esperança para além
do nosso olhar.
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Ricardo Jorge Claudino nasceu em Faro em 1985. Actualmente reside em Lisboa. Mas é Alentejo que respira, por inigualável paz, e pelos seus antepassados que são do concelho de Reguengos de Monsaraz. Licenciado em Engenharia Informática e mestre em Informação e Sistemas Empresariais pelo Instituto Superior Técnico de Lisboa. Exerce desde 2001 a profissão de programador informático.Também exerce desde que é gente o pensamento de poeta.