23 Setembro 2018      13:28

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Pacheco Pereira

Pacheco Pereira: A devassa de um modo de vida sob a forma de homenagem (que o visado não precisa e, estamos certos, tão pouco ambiciona).

 

Pelo menos Pacheco Pereira (PP) diz o que pensa!

Diz o que diz para lá da conveniência partidária ou do, e aqui sejamos convenientes, espírito da sua época.

Não é escravo da direita ou da esquerda - não defende em exclusivo as posições que melhor se adequam a qualquer dessas tendências. E não se inibe de opiniões fortes, pelo que nem sempre o centro é o seu projecto.

Já vi PP mudar de opinião (o que, ensinou-me a História, é a maior prova de inteligência que se conhece!).

É um homem que lê, e lê muito; talvez a razão de todas as qualidades anteriores.

Entre outras coisas, recordo que:

- Já o vi atacar Obama (chamando-lhe irresponsável)

- Já o vi defender Obama (chamando-lhe corajoso).

O que quer dizer alguma coisa, mesmo que não se consiga definir.

Ao que julgo saber, PP gasta demasiado dinheiro em livros e na construção de um espólio cultural fabuloso (o que inclui um espaço físico dedicado à erudição e à memória que qualquer país a sério deveria aplaudir e impulsionar) e quase dinheiro nenhum no guarda-roupa – apenas, e tão-só, outra qualidade.

Quando fala, PP pretende fazer a diferença, o tolo, e não obter sorrisos – no fundo, mais uma qualidade.

PP é por natureza avesso ao que não provém da cultura e do intelecto, pelo que nunca ganhou nem ganhará uma eleição de cariz popular. Homem duplamente sábio!

No entanto, conseguiu que lhe dessem um programa de televisão (um eco: televisãoooo!) onde coloca ao nosso dispor uma série de elementos de saber e instrução que já não se julgavam possíveis nesse meio de comunicação.

Num outro programa de televisão, onde também participa (não tão interessante, diga-se), o olhar gasto, contemplativo e…meio-gozão que PP coloca ora por cima do ombro esquerdo, ora em frente, em eloquentes diagonais intercaladas, é por si só um poema… Uma pena que os interlocutores não sejam grande coisa, pois se assim fosse o poema poderia atingir a dimensão da mitologia, como os sublimes poemas clássicos que ele tanto preza – [agora em bicos de pés para não deixar fugir a oportunidade] tal como alguns de nós, aliás, diga-se por ser verdade.

 

Imagem de comunidadeculturaearte.com

 

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