25 Abril 2020      11:45

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Outubro

Eloísa já não era a mesma. Carregava dentro de si e vivia o amor de Pablo! A vida que nela crescia não lhe tinha sido forçada. Era o fruto do amor entre os dois.

Sabia que Pablo era o homem mais carinhoso e que nada além dele a poderia satisfazer mais, a todos os níveis. O que lhe tinha acontecido durante o mês de setembro tinha mudado tudo. Talvez fosse a mudança de estação, talvez o desequilíbrio hormonal da gravidez.

A verdade é que tinha surgido um icebergue na rota do seu amor. Tal como o Titanic, Eloísa não estava preparada nem sabia como lidar com Rodrigo. O melhor amigo de Pablo era um sedutor e, talvez por maldade, inveja ou por amor e tentação verdadeira por Eloísa, estava disposto a intrometer-se no caminho do casal e reclamar a sua parte. E a sua parte era ficar com Eloísa e ao mesmo tempo enfurecer Pablo e retirar-lhe o chão debaixo dos pés, ficando com o que era mais precioso na sua vida, no momento atual. Talvez fosse também uma paixão inconsciente pelo próprio Pablo. Não o aceitava, nem o admitia. Eloísa era a mulher que queria. Sabia da sua gravidez e isso não lhe interessava. Não iria sossegar até que ela e ele se deitassem na mesma cama. Não baixaria os braços até que Eloísa e ele trocassem fluídos e ela lhe dissesse que o amava, renegando ao homem que a havia tirado da solidão em que vivia.

Não nos esqueçamos que Eloísa tinha tudo! Era uma mulher forte, capaz de enfrentar medos, capaz de saltar muros para proteger o bebé e Pablo.

Rodrigo continuava incessantemente a enviar-lhe mensagens. Perseguia-a em qualquer momento, não deixava de procurar conseguir um beijo, um toque... e, finalmente, a cama de Eloísa.

Nunca nos seus sonhos mais distantes se tinha imaginado naquela situação. Rodrigo era tão ou mais atraente do que Pablo, embora nele houvesse laivos de lascívia e maldade. Eloísa acreditava que os avanços daquele homem não se destinavam a ela mas sim a usá-la como instrumento para chegar a Pablo. Acreditava que a disputa e o ódio ou amor, sabia lá, era entre os dois e que ela era uma peça no puzzle. Não o queria ser. Não podia! Carregava dentro dela uma vida e isso valia mais do que tudo!

Nos últimos dias do mês, cansada, o que lhe ocupava o pensamento, além dos enjoos matinais e da consciência cada vez mais plena do feto, era o medo!

Eloísa sentia medo e, decorrente do medo, a vontade de informar e partilhar com Pablo a situação em que se encontrava. Não deixava já que o homem que a amava a tocasse.

Pablo sentia, cada dia que passava, a distância e sabia que algo acontecia. Começou a por a amada contra a parede e, no início de novembro, teriam a conversa que nenhum dos dois queria ter.

Porém, novembro só começa para a semana.

 

Imagem de vixdata.io