27 Setembro 2016      17:18

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OURIQUE SALVOU O PORCO ALENTEJANO

O risco de extinção foi real e a preocupação que gerou no concelho de Ourique levou os decisores locais a salvaguardar a cultura do porco alentejano. Como? Fazendo de Ourique a "capital" do porco alentejano e desenvolvendo toda a fileira em torno deste animal único.

A estratégia foi lançada por Pedro do Carmo, então presidente da Câmara de Ourique (2005-2015) e hoje deputado na Assembleia da República.

Pedro do Carmo lembra à agência lusa que a raça estava "muito ameaçada", com o abandono do setor de muitos produtores que já não encontravam rentabilidade na criação. Tratou-se para o dirigente de definir algo que diferenciasse a região e transformasse "um problema numa oportunidade".

Desde então a a fileira desenvolveu-se e recuperou a importância daquela indústria para a economia regional, tanto que afirmou Ourique, capital do porco alentejano.

Para Marcelo Guerreiro, Presidente da Câmara de Ourique, também em declarações à agência Lusa, a fileira do porco alentejano "é um dos maiores motores de criação de valor acrescentado, riqueza e postos de trabalho".

Neste momento e segundo a ACPA, a Associação de Criadores de Porco Alentejano, há 45 explorações activas na região, que cumprem com os requisitos exigentes na produção daquele animal, isto é, criações em montado de azinheiras e sobreiros, em pastagem livre, onde pastam livremente.

Acrescem ainda três empresas transformadoras, uma delas exportadora para o Brasil, China, Macau e Hong Kong, que está a ampliar a fábrica, o que permitirá aumentar a produção de presuntos e paletas e criar novos postos de trabalho.

Autarquia e Associação de Criadores têm trabalhado de forma articulada e do resultado mais relevante dessa parceria é a Feira do Porco Alentejano, uma feira anual e que atrai cerca de 60 000 visitantes. O concelho conta inda com um Centro Interpretativo do Porco Alentejano, onde é possível conhecer as características e o processo de criação da raça e, numa loja gourmet, comprar produtos derivados. Para além disso e desde 2014 que está constituída a Rota do Porco Alentejano que envolve todos os actores da fileira e o Centro de Competências do Porco Alentejano e do Montado, destinado a promover a competitividade da fileira e a investigação para a preservação e a recuperação do montado.

As duas entidades organizaram ainda, em Ourique, o I Congresso Ibérico Porco Alentejano, em 2008, e o 7.º Congresso Mundial do Presunto, em 2013, ano em que o evento decorreu pela primeira vez fora de Espanha.

Fontes: Agência Lusa e Notícias ao Minuto