Há poucos dias atrás tivemos o foragido à justiça, João Rendeiro, em entrevista ao canal CNN Portugal, a mostrar os seus melhores dotes de verdadeiro artista. Este é um daqueles casos de demonstração clara da impunidade de certas personagens, as quais usam as brechas e lacunas do sistema de justiça a seu bel-prazer.
Recordo que João Rendeiro foi condenado a penas de prisão efetiva em três processos diferentes, todos relacionados com o colapso do BPP. No entanto, esclarece que é um caso de "resistência à Justiça injusta".
Na referida entrevista exclusiva ao canal CNN, Rendeiro diz que se sente injustiçado e compara a sua situação com a de Ricardo Salgado, no qual entende que é “protegido pelo sistema”. Em relação ao seu caso considera que “Como nunca paguei nada a ninguém e não tenho segredos de Estado, sou um poderoso fraco”. Salgado "segue com a sua vida tranquila em Lisboa", diz.
João Rendeiro tenta apresentar-se como um verdadeiro Robin dos Bosques: o ladrão que rouba aos ricos para dar aos pobres. Tenta passar aquela imagem do ladrão corajoso, habilidoso, inteligente e justo.
E claro, nada como um novo canal de televisão para inventar estas novas personagens, potenciais lendas do crime organizado nacional. De bradar aos céus!
Depois dá aquela sensação de que estamos perante alguém que goza claramente com a justiça portuguesa. Enchendo-se de bazófia, numa prosápia de quem tem toda a razão, reclamando indultos presidenciais, e desagradado com a justiça lusa, ameaça recorrer a tribunais internacionais, ameaçando pedir uma indemnização ao Estado português. Um verdadeiro shou men!
E para agravar esta trágica estória (quase comédia!) dos aldrabações da nação, vem o Presidente da República dar resposta a este foragido à lei portuguesa, informando que neste caso, passaram prazos para indulto, que vá para a bicha.
Triste! Mesmo muito triste!
No meio deste enredo também podemos retirar outra grande lição: vivemos num País onde apenas existem ricos e pobres. Ricos antigos (alguns sem dinheiro) e novos ricos cheios de ´´massa´´. Ricos que aldrabam ricos, ricos novos que se vingam de antigos ricos. Uma panóplia de estórias que nos podiam encantar.
Quanto aos pobres? Estes são bem tratados pelos ricos. Ricos que dão casas e terrenos a motoristas. Melhor, ricos que dão casas aos motoristas, as casas onde os próprios ricos vivem. E no final do dia são capazes de dizer ´´se não fosse o meu motorista não tinha onde viver´´.
Qual é a minha admiração disto tudo? Nada. Penso que ninguém tem! Isto é mesmo ´´o Portugal que cá temos´´
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