25 Fevereiro 2021      09:54

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Obras na ferrovia prometem aproximar Alentejo da Europa

As obras de construção da nova linha férrea entre Évora e Elvas/Caia, inserida no futuro Corredor Internacional Sul, prosseguem sem percalços, apesar da pandemia de covid-19.

De acordo com a Renascença, a nova Linha de Évora, que começa a tomar forma, vai ter uma extensão total de cerca de 100 quilómetros e integra o chamado Corredor Internacional do Sul (CIS), entre Sines, Poceirão e Badajoz. São 100 quilómetros que deixam a região alentejana mais perto da Europa, e “a maior obra ferroviária dos últimos 100 anos em Portugal”.

Na estrada nacional 254, entre os concelhos de Évora e Redondo, assiste-se à construção do subtroço ferroviário Évora Norte/Freixo, com 20,5 quilómetros de extensão. No local, as árvores foram substituídas por largas plataformas de terra batida, comprovando-se a execução de via única, numa infraestrutura preparada para via dupla, que assegure, no futuro, a ligação entre Sines e o porto seco de Badajoz para mercadorias, bem como o transporte de passageiros, porventura, a muitas cidades espanholas até Madrid.

De resto, a ligação dos portos de Sines e Setúbal, ao porto seco de Badajoz vai permitir elevar a capacidade logística em interface rodoferroviária, permitindo, a partir de Badajoz, a receção e distribuição/recolha de mercadorias em toda a região a sul do Tejo, considerando mesmo toda a Beira Baixa e Estremadura.

Estão também em execução os subtroços Freixo/Alandroal, com 20,5 quilómetros de extensão, e Alandroal/Elvas (ligação à Linha do Leste), com 38,4 quilómetros, que, a par do subtroço Évora Norte/Freixo, constituem a futura Linha entre Évora Norte e Elvas/Caia (CIS).

No entanto, o subtroço entre Évora/Évora Norte, também integrado no futuro CIS, está mais atrasado, pois o seu concurso foi lançado ainda não há um ano. Segundo a Infraestruturas de Portugal (IP), este novo canal ferroviário vai ser edificado “em variante à Linha de Évora, entre Évora (exclusive) e o quilómetro 121 e da modernização da Linha de Évora, entre o quilómetro 121 e Évora Norte”, com a construção das instalações fixas necessárias à eletrificação, de pontes ferroviárias e passagens desniveladas rodoviárias.

Além disso, “este troço integra o novo canal ferroviário em construção entre Évora e a Linha do Leste, criado numa lógica de desenvolvimento evolutivo das ligações ferroviárias a Espanha, no quadro da Rede Transeuropeia de Transportes (RTE-T) e da ligação ferroviária de mercadorias entre os portos portugueses e o resto da Europa, assegurando desde logo uma ligação de passageiros”.

Recorde-se que, em 2019, o primeiro-ministro António Costa defendeu a utilização da linha para passageiros, considerando “fundamental” que o Alentejo não fique a “ver os comboios passar” com a linha ferroviária do CIS.

Para os autarcas e empresários, esta é uma oportunidade incontestável para a região e, em particular, para Évora, já que poderá desenvolver todo o seu potencial industrial, agrícola e dos serviços, com a concretização de um interface na cidade ou na sua proximidade.

Apesar do impacto visual e urbano, nomeadamente ao nível do ruído, espera-se que a nova infraestrutura contemple igualmente as ligações a nível regional e local.

Assim, são bem-vindas e aguardadas as novas opções de transporte ferroviário que reduzam os tempos de viagem entre Évora e Elvas, com serviço de passageiros entre localidades carenciadas de transporte, como são o caso de São Miguel de Machede, Freixo, Redondo ou Alandroal (nascente da Serra d’Ossa), reduzindo-se, assim, os tempos de percurso, os custos e incrementando a qualidade e segurança da viagem, sem esquecer a vertente ambiental.

Este importante investimento pode beneficiar o turismo, a indústria e a agricultura. Não esqueçamos que, inicialmente, a rede ferroviária foi projetada para a exploração mineira e, agora, todo o Alentejo aspira a encontrar na ferrovia soluções de mobilidade que potenciem o seu desenvolvimento – não só nacional, com a sua articulação ao Norte de Lisboa, mas também em termos internacionais, na sua ligação a Espanha e à Europa.

 

Fotografia de rr.sapo.pt