19 Novembro 2021      23:13

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O percurso para o esquecimento

É bastante fácil imaginar um percurso. Aquilo que pensamos, os planos que fazemos, as ideias que concebemos, tudo o que faz parte do interior da nossa cabeça, dos nossos atos, da nossa ação, podem tornar-se, ou não, realidade.

O percurso, fruto do desejo, do anseio, transforma-se e muta-se tantas vezes, fazendo parte de sonhos ou de realidades.

Por isso, o caminho que nesta crónica traçamos pode ser qualquer um…

Qualquer caminho que se trace, na Europa, aqui nos Estados Unidos, ou em qualquer lugar, há sempre um percurso a ser percorrido. Temos um

lugar de origem e um lugar de chega. Issa marca precisamente o início e o fim do percurso.

Caminhamos na vida, como se fosse uma estrada. Há vidas que são auto-estradas, outras que são estradas de montanha, repletas de curvas e obstáculos que se vão ultrapassando, cuidado atentamente ao percurso. Outras vidas são feitas de terra batida e em dias de sol, enchem-se de pó, não obstante quando a chuva a transforma em lama. Atolados, o percurso torna-se doloroso.

Cada uma dessas estradas é um percurso diferente. Não há uma estrada igual à outra. Se a mesma água não passa no mesmo sítio duas vezes, os nossos percursos são eminentemente diferentes entre si e possibilitam inúmeras possibilidades de caminhar para o fim.

Esse mesmo caminho é feito no percurso para o esquecimento.

Caminhamos todos para o esquecimento. No final, restará apenas o esquecimento, como uma nuvem no céu azul que já ninguém reconhece. O percurso foi percorrido e chegou ao fim. Desde o início da caminhada que os nossos anseios, as nossas experiências, os acontecimentos propositados ou involuntários, são parte de nós e ficam gravados na nossa memória e na daqueles que o partilharam ou a quem foi contado, não obstante as alterações que derivam da imagem criada ou daquilo que foi ouvido.

No fim, quando todos os percursos envolvidos se findam, passam as memórias a cair no esquecimento. As estradas percorridas são cobertas por vegetação e a ramagem alastra-se, marcando o verde entre o castanho e o azul, que já ninguém reconhece porque caiu no esquecimento.