24 Dezembro 2022      17:49

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O natal em que a guerra parou e os inimigos jogaram à bola

Em plena Primeira Guerra Mundial, em dezembro de 1914, o espírito do Natal levou a melhor sobre a guerra, sobre as diferenças e, nas trincheiras, a guerra parou para dar lugar à comemoração do Natal. Em dezembro de 1914, suspendeu-se a guerra por umas horas e os soldados de ambos os lados das trincheiras voltaram a ser apenas civis.

Numa das frentes de batalha, entre a Bélgica e a França, a 24 de dezembro, faz hoje 105 anos, soldados alemães colocaram, nos parapeitos das trincheiras, árvores iluminadas improvisadas. Os Aliados viram, imitaram, e surgiu uma Paz improvisada e temporária – a frente de batalha não queria esta guerra, as altas patentes sim.

Gritos de “não disparem, nós também não” foram dando azo às tréguas que surgiam de um lado e outro, substituindo as balas; aos poucos, os soldados saiam das trincheiras, a medo, e começaram a apertar as mãos, a conversar, a partilhar tabaco. enterraram-se os mortos, cavando sepulturas juntos e partilhando homenagens fúnebres. Cantaram-se músicas de Natal, partilharam comida e presentes simbólicos, muitos trocaram botões de uniformes. Mais, jogaram futebol, também com bolas improvisadas e alguns relatos revelam até que, já madrugada dentro, no dia de Natal, bandas alemãs tocaram ‘Home Sweet Home’ e ‘God Save the King’. A trégua aconteceu em dezenas de pontos na frente de batalha, do Mar do Norte até à fronteira com a Suíça, e houve troca e partilha de alimentos: carne, vinho, conhaque, pão, biscoitos, presunto e até barris de cerveja.

Mostraram fotografias das famílias uns aos outros e estes relatos, destes dias de 1914, foram contados por carta às famílias que estavam longe mostraram fotografias da família e entes queridos que estavam em casa.

Nos anos seguintes, os soldados tentaram repetir a trégua, mas os generais não o permitiram e não toleraram a confraternização em seres humanos de nacionalidades diferentes.